Mesmo diante do cenário atípico que estamos vivenciando atualmente, o mercado de Petróleo e Gás brasileiro tem muito o que comemorar nos últimos anos. Os bons resultados vêm da união de soluções tradicionalmente comprovadas com tecnologias inovadoras, característica marcante e que está no DNA do O&G offshore. São inúmeras soluções de engenharia, materiais, equipamentos e digitalização que levaram o setor a se manter como um dos mais representativos e inovadores do país, se mostrando competitivo, inclusive, numa comparação global. Sistemas sub-sea, equipamentos rotativos e soluções combinadas de alta eficiência são exemplos de tecnologia de ponta que viabilizaram a exploração e produção em águas profundas e ultra profundas com incremento de competitividade e confiabilidade.
O Brasil recentemente superou a marca de 3 milhões de barris de petróleo produzidos por dia, sendo que mais de 65% dessa produção tem origem no pré-sal. Em cerca de uma década, o país descobriu, desenvolveu e atingiu níveis recordes de produção nestas áreas, sob custo progressivamente mais competitivo. Trata-se de uma jornada de desafios tecnológicos que foram superados não somente por uma ou outra empresa. Atualmente, águas profundas são exploradas com sucesso devido ao desenvolvimento de um trabalho conjunto da indústria, envolvendo players locais e estrangeiros. A Siemens Energy se orgulha de participar ativamente deste desenvolvimento em projetos que se tornaram precursores do segmento, contribuindo, por exemplo, com a engenharia e fornecimento de equipamentos de compressão a níveis de pressão acima dos anteriormente utilizados no Projeto Replicantes, um grande benchmarking para o setor.
Entretanto, ainda existem consideráveis desafios, como a necessidade contínua de otimização do espaço a bordo para tornar o navio-plataforma ou FPSO (sigla em inglês para floating production storage and offloading) ainda mais otimizado e eficiente, especialmente no atual cenário de menor valor do barril de petróleo. Nesse sentido, e ainda considerando crescimento do mercado de gás no Brasil, tecnologias de separação do gás advindo dos poços e transporte serão fatores bastante representativos para incrementar a capacidade de produção e retorno aos investimentos, por exemplo.
Outro desafio no Brasil, é que não há ainda plataformas operando de forma total ou majoritariamente remotas em função de alguns fatores como distância dos ativos da costa, disponibilidade de conexão física de dados, apreensão com cibersegurança, entre outros desafios. Contudo, a digitalização das plataformas permite automação operacional, outro ganho decisivo para o sucesso daqui para frente, além de maior segurança para trabalhadores, menor custo operacional e de investimento. É necessário, porém, que as empresas internalizem o potencial de automação e digitalização para que os benefícios sejam realmente capturados.
Aproveitar todo o potencial da digitalização é fundamental para alcançarmos ainda melhores resultados. Nesse sentido, ferramentas como o Topsides 4.0, que encurta os ciclos de desenvolvimento e minimiza os riscos das interfaces em um projeto multidisciplinar, tornam-se fundamentais para impulsionar o mercado rumo à transformação digital e reduzir custos operacionais. Soma-se ao roteiro projetado para os operadores offshore, uma operação completamente remota ou com pequeno número de pessoas a bordo, neutra em emissões de carbono e, ainda mais interessante, com um hub de energia centralizado, realizando a geração em uma plataforma e distribuindo para demais ativos do campo, o que permite ainda compartilhamento de energia entre mar e terra.
Inovar é gerar eficiência em todos os níveis e partes da cadeia de produção. Uma indústria inovadora é uma indústria eficiente e isso, além de gerar valor para a indústria, contribui para manter o setor de Petróleo e Gás nacional entre os mais relevantes, avançados e competitivos do mundo, desenvolvendo ainda mais a economia brasileira.
Christian Schöck, CEO da área de Petróleo e Gás da Siemens Energy no Brasil