Welcome Energia 2022 traz perspectivas políticas e econômicas para o setor
No dia 27/1, a plataforma Full Energy do Grupo Mídia realizou o evento Welcome Energia: Perspectivas Políticas e Econômicas. O evento, que acontece desde 2019, abre o calendário de eventos do setor e reuniu diversas lideranças da matriz energética.
Neste ano, o evento foi realizado de forma 100% digital, com transmissão para os canais do Youtube do Grupo Mídia e fanpage da Full Energy no Facebook.
Elena Landau, economista, ex-presidente do Conselho de Administração da Eletrobras e diretora de privatizações do BNDES no governo de Fernando Henrique Cardoso, foi a palestrante que abriu os trabalhos do Welcome Energia 2022.
Para a especialista, estamos diante de um ano repleto de desafios e incertezas causadas por fatores como Covid-19, ano eleitoral e crise Ucrânia e Rússia. “A incerteza é inimiga do investimento e do planejamento”, lembra Elena.
“Se a situação dos preços de gás e combustível já está muito difícil de administrar, com um conflito aberto internacional se tornaria impossível de avaliarmos o impacto nos preços de energia e combustível.”
Sobre as eleições, Elena observa que há um aumento de incertezas justamente porque, novamente, teremos eleições polarizadas o que significa perspectivas “completamente distintas”.
“Isso inclusive impacta no planejamento do setor elétrico, no tipo de matriz energética que pretendemos ter, como será conduzido a transição energética, dentre outros fatores.”
Elena Landau destacou a relevância que a energia nuclear vem ganhando no governo de Bolsonaro. “Temos a Angra 3 e novas plantas que estão sendo estudadas”, ressalta.
Em sua palestra, Elena Landau também pontuou que as eleições impactam diretamente assuntos estratégicos como a PEC do Combustível que, segundo ela, é um “desastre do ponto de vista econômico”.
“Essa PEC gera um rombo no orçamento que os especialistas em contas públicas calculam em R$ 50 bilhões.”
Agenda de Políticas para a Matriz Energética
O Welcome Energia 2022 trouxe o debate sobre Política e seus reflexos para o setor. Participaram desse momento Nelson Stanisci, Gerente de Soluções da Huawei; André Luiz Rodrigues Osório, Diretor do Departamento de Informações e Estudos Energéticos (DIEE) do Ministério de Minas e Energia (MME); e o Deputado Federal Evandro Roman. A moderação foi feita por Franceli Jodas, sócia líder do segmento de Energia Elétrica e Renováveis da KPMG.
O Deputado Evandro Roman pontuou em uma de suas falas que “não temos ainda uma capacidade total da implantação da energia fotovoltaica e a energia eólica também está muito debagar no País. Nosso principal desafio, hoje, é fazermos essa transição com muito diálogo, rompendo barreiras do corporativismo que temos em alguns segmentos.”
O deputado ressaltou a importância Lei 14.300, sancionada em janeiro, que institui o marco legal da microgeração e minigeração distribuída, o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) e o Programa de Energia Renovável Social (PERS).
André Osório, representando o MME, salientou ser impossível fugir da transição energética no país.
“Isso será cada vez mais um dos aspectos centrais na formulação das estratégias nacionais de desenvolvimento e no perfil de cada nação. As transições energéticas acompanham também as implicações para a geopolítica da energia, impactando nas relações de força entre alguns países. Isso acontece hoje, por exemplo, na questão dos preços dos combustíveis.”
Nelson Stanisci, da Huawei, disse que o setor elétrico vem mudando de forma muito intensiva nos últimos anos e o grande diferencial é a chegada da Geração Distribuída.
“Até pouco tempo atrás, víamos o setor elétrico como uma forma unidirecional, onde a fonte de geração era distante do consumo, passando pelo transporte, distribuição e chegando nos grandes locais de consumo. Recentemente, a GD tem se tornando uma grande protagonista impulsionada pela energia solar. Não é à toa que 98% da capacidade instalada em GD é de fonte solar.”
Economia e Energia para 2022
O Welcome Energia 2022 encerrou os trabalhos trazendo o debate “Crescimento da Economia e seus reflexos no setor da Energia”. Participaram da mesa Glauco Nader, sócio proprietário da Dinamus Inteligência em Negócios; Joisa Dutra, diretora do Centro de Estudos em Regulação e Infraestrutura da FGV-CERI; Plínio Nastari, presidente da DATAGRO; Claudio Ribeiro, CEO da 2W Energia. O debate foi conduzido por Ana Paula Loss, especialista em Comercialização de Energia no Grupo Ludfor.
Joisa abriu o debate lembrando da severa crise hídrica de 2021. “Isso exigiu uma resposta que resultou na Medida Provisória que criou uma câmara de gestão presidida pelo Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Essa Câmara nos trouxe a possibilidade, então, de flexibilizar restrições dos operativos, inclusive dos reservatórios, para que a gente conseguisse fazer frente a dificuldades.”
Esse exemplo dado pela especialista mostra a necessidade de termos “objetivos fundamentais de política energética para que, assim, possamos obter energia segura, confiável, limpa e que não apenas caiba no bolso dos usuários residenciais, mas que assegure a competitividade da economia.”
Plinio Nastari, da DATAGRO, ressaltou ser fundamental investimentos na área de energia para assegurar a disponibilidade.
“É sabido que esses investimentos têm um prazo de maturação. É preciso que haja planejamento para trazer previsibilidade, garantia e segurança regulatória para que eles se materializem. Também temos que ter o afastamento por completo de riscos de intervenção errática do governo em preços. E a crença de que o mercado é que deve reger o futuro das atividades relacionadas à energia.”
Glauco Nader, da Dinamus, pontuou que o Brasil tem uma matriz energética com uma renovabilidade muito superior de outros países. “O setor de petróleo e gás percebe essa tendência e vem investindo nesse sentido.”
“Temos que ter disponibilidade de energia, uma vez que a sua interrupção acarreta em uma série de problemas de investimentos. Por outro lado, também temos que ter energia barata. Por isso, temos que questionar qual a transição energética que queremos. Isso porque não podemos fazer a transição sem buscar o mínimo de equidade e facilidade para que as pessoas menos favorecidas consigam acessar essa energia”.
Tendências para 2022:
– Atenção e planejamento para o enfrentamento dos impactos da variabilidade climática
– Inovação tecnológica que traga descentralização, ou seja, geração distribuída ganhando crescente participação.
– Aumento da participação da contratação do mercado livre
– Transição energética brasileira
Assista ao Welcome Energia 2022 na íntegra: