Marcus Madureira, da Abradee: “Precisamos evoluir de forma organizada, sem aumentar os subsídios e, quando necessário, algum incentivo”

Presidente da Abradee reforça a importância de uma transição energética justa e discute como isso será possível

De sol intenso a ventos vigorosos, passando pelas vastas extensões de terras e mar com potenciais diversos, o Brasil é abençoado com uma abundância de recursos naturais que podem ser explorados para suprir a necessidade energética do país. 

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado a busca por alcançar a transição energética plena, mas a jornada é complexa e apresenta alguns desafios. Um deles foi apresentado ao final de 2023, quando o PL 576/2021 foi proposto a afim de regrar a implantação de energia eólica offshore. 

Segundo Marcus Madureira, presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o PL carregou uma série de emendas, que foram aprovadas na Câmara e passaram para avaliação do Senado. 

“Tivemos um período bem curto para avaliar as propostas, mas, assim que tomamos conhecimento do projeto, conseguimos identificar que ele trazia uma série de ações que levariam ao aumento da conta de energia elétrica no Brasil todo.”

Tendo isso em vista, a Abradee se juntou a outras sete associações representantes do setor no grupo chamado Transição Energética Justa, com o objetivo de conhecer de forma detalhada o impacto do PL e saber o que poderia ser feito para evitar qualquer problema. 

“Contratamos a PSR para efetuar uma avaliação desse trabalho e isso concretizou esse movimento que busca exatamente um tratamento justo na transição energética, mantendo o país com a energia renovável sem provocar aumento de custo para a sociedade brasileira”, comenta Madureira.

Quando se trata da transição energética justa, o presidente da Abradee frisa que é necessário que ela traga benefícios para todos e não apenas parcelas da população e da economia.

Além disso, na visão do gestor, é fundamental que se tenha em mente que o Brasil tem uma das matrizes elétricas mais renováveis do mundo e não é necessário que existam tantos incentivos para a geração de renováveis como acontece atualmente.

“Os incentivos foram importantes no passado, quando as fontes renováveis eram tão caras que não existia sequer a possibilidade de concorrência. A partir do momento que as fontes se tornam mais baratas, como aconteceu na última década principalmente na eólica e solar, isso cai por terra.”

Ao avaliar os próximos passos da transição energética no Brasil, Madureira acredita que uma maior eletrificação da matriz energética poderia auxiliar na evolução da iniciativa. 

“Podemos substituir os processos que utilizam energias fósseis na indústria e residências pela energia elétrica, por exemplo. Investir em mobilidade elétrica, que é um segmento que tem evoluído bastante ao redor do mundo e crescido no Brasil, é interessante, porque sabemos que o país tem condições de fornecer essa quantidade de energia”, exemplifica o gestor.

O presidente da Abradee reforça a importância de que todas as mudanças na energia brasileira devem acontecer de maneira equilibrada e sem aumentar excessiva e desnecessariamente o valor pago pelos brasileiros.

“Precisamos evoluir de forma organizada, sem aumentar os subsídios e, quando necessário algum incentivo, que ele se dê por algum recurso específico realocado e não tirado diretamente da conta da população para beneficiar determinados segmentos.” 

Ademais, o equilíbrio também deve ser visto na oferta e na demanda por energia elétrica, fato que não acontece muitas vezes, segundo Madureira. “Não podemos jogar fora a energia que já foi gerada em algum momento e isso tem começado a ser mais frequente. Para evitar o desperdício e o gasto excessivo, podemos realocar a energia e conquistar um equilíbrio definitivo de diversas formas.”

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