A temporada de furacões na América
A temporada de furacões no Atlântico começou em 1º de junho e vai até o dia 30 de novembro. Historicamente, o pico das atividades no oceano é no dia 10 de setembro, mas com outras intensas ocorrências entre meados de agosto e meados de outubro. A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) publicou um gráfico com o histórico dos últimos 100 anos:
Muitas regiões dos Estados Unidos sofrem com os ventos e chuvas intensas causadas por furacões. As mais afetadas são as áreas costeiras do Atlântico e do Golfo do México, Porto Rico, as Ilhas Virgens, o Havaí e partes do sudoeste americano.
Para 2024, a NOAA prevê uma temporada de furacões mais intensa, com 85% de probabilidade de ser acima do normal. A influência do La Niña e das altas temperaturas oceânicas são os principais fatores que podem potencializar o evento climático.
A instituição espera de 4 a 7 grandes furacões para este ano. O primeiro alerta já aconteceu no dia 17 de junho e seu possível impacto pode ser maior no sul dos Estados Unidos.
Na economia, a temporada de furacões também tem seu impacto. O Katrina foi registrado como o maior deles em termos financeiros. O Instituto de Informações sobre Seguros (Insurance Information Institute) registrou os prejuízos causados pelos 10 maiores furacões americanos, quantificando as perdas através das solicitações de seguros. Veja:
Também é possível acompanhar um mapa interativo da NOAA para visualizar e analisar informações históricas sobre os maiores furacões já registrados no Atlântico. O Centro Nacional de Furacões (National Hurricane Center) também conta com uma tabela quantificando os eventos desde 1851.
Impacto da temporada de furacões no mercado petrolífero
A alta probabilidade de uma temporada de furacões intensa tem preocupado o setor de produção energética offshore dos Estados Unidos. Segundo a Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos (U.S. Energy Information Administration – EIA), a maior parte das refinarias offshore do país é de petróleo e gás natural.
Localizadas em áreas afetadas pelos furacões, essas refinarias estão sujeitas a fortes chuvas e ventos causados pelos fenômenos. O mercado do petróleo sofre principalmente porque a produção é interrompida durante eventos climáticos intensos. Vemos a interrupção da produção de petróleo e de produtos refinados por questões de segurança.
A produção petrolífera americana está concentrada principalmente no Golfo Offshore Federal do México (GOM) e na Costa do Golfo. De acordo com a EIA, a produção de petróleo bruto do GOM representou 14% do total americano em 2023. Já as refinarias da Costa do Golfo representam quase 50% da capacidade de produção estadunidense.
A instituição publicou recentemente um gráfico que evidencia a redução produtiva de petróleo por conta de furacões. Os períodos de paralisação profissional são curtos, mas significativos. Veja abaixo:
Quando as refinarias param de produzir, vemos uma pressão maior nos preços da gasolina e do diesel, principalmente. Um choque de oferta como esse impacta diretamente os contratos futuros do mercado energético.
A interrupção da produção tem efeitos significativos no mercado de petróleo americano e mundial. Com um estoque mais baixo, os preços dos combustíveis sobem no país e, por consequência, também são refletidos mundialmente.
Além disso, a exportação do petróleo americano também cai em períodos de fortes eventos climáticos como esses. Os países importadores precisam buscar a oferta em outras nações, muitas vezes pagando mais caro ou gastando mais com uma nova logística.
Outro país não vai conseguir comprar gasolina dos Estados Unidos pela baixa oferta repentina. Por isso, precisa procurar em outros exportadores, nem que pague mais caro. Esse é o efeito global dos furacões, algo que encarece os preços rapidamente.
A pressão nos valores do petróleo cresce com a temporada de furacões e o mercado precisa se adaptar às condições de preços. No ano passado, a IEA estimou um aumento de 25 a 30 centavos por galão de gasolina em casos de furacões de alto impacto. Com os dados de 2013–2022, a instituição criou uma tabela que representaria a redução de produção petrolífera em 2023 se houvesse algum evento climático mais intenso.
Como o mercado se prepara para a temporada de furacões no Atlântico?
Os preços dos combustíveis de petróleo acabam oscilando com as temporadas de furacões. Uma parada brusca nas produções americanas afeta diretamente a oferta no mercado nacional e internacional.
Para gerenciar os riscos financeiros que esse evento desenvolve, o mercado pode utilizar ferramentas de hedge avançadas. São produtos que buscam mitigar as variáveis de valores e proteger as empresas envolvidas de perdas significativas de recursos. Na temporada de furacões, é possível trabalhar com estratégias para gerenciar riscos financeiros e controlar a subida ou a queda de preço.
*Artigo escrito por Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da Hedgepoint Global Markets