No cenário global de mobilidade elétrica, o Brasil vem traçando uma jornada de desafios e oportunidades.
A Eletra, empresa nacional que atua no segmento de ônibus elétricos, tem desempenhado um papel fundamental na transformação do transporte público e de cargas.
Nos últimos meses, a empresa se dedicou a lançar uma linha completa de ônibus urbanos para o mercado brasileiro.
“Produzimos ônibus de 10 metros, 12m, 15m e 21m, em todas as versões, piso alto e piso baixo”, destaca Ieda Oliveira, diretora executiva da Eletra.
Com essa diversificação, a empresa praticamente completa seu portfólio, mirando também o mercado latino-americano como uma expectativa de crescimento.
Apesar de o Brasil ter demorado muito para entrar na eletrificação de ônibus, com menos de 300 veículos em operação comparados aos 3.500 do vizinho Chile, por exemplo, as perspectivas são promissoras.
De acordo com a diretora da Eletra, todas as capitais do Brasil estão empenhadas em criar metas e migrar suas frotas para veículos não poluentes.
Além disso, foi anunciado, recentemente, um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) referente à inclusão de 2.500 ônibus elétricos, o que deve acelerar significativamente a adoção dessa tecnologia.
Ainda no cenário de expansão, Ieda destaca um projeto, desenvolvido em colaboração com a Unicamp (Universidade de Campinas) para a gestão energética de ônibus elétricos em ambiente conectado.
“Esse programa prevê o desenvolvimento de um software para monitorar os ônibus em tempo real, qualificando os benefícios energéticos e ambientais dessa tecnologia. Esse trabalho começou agora e representa uma vitória muito grande”, explica a diretora executiva.
Ieda observa que essa forte tendência de eletrificação se estende para diversos segmentos, mas especialmente em veículos pesados, como ônibus e caminhões, que é onde a Eletra atua mais fortemente.
Para ela, o transporte público será o primeiro a entrar na eletrificação devido ao seu impacto significativo na redução de emissões nas cidades, o que ainda incentiva a indústria local.
Porém, a diretora também vê potencial na migração das frotas de caminhões.
“Há grandes empresas de logística que investem fortunas em programas ambientais, mas distribuem com caminhões à diesel. Esse é um pênalti muito grande para as empresas, principalmente no Brasil, um país de dimensões continentais que se movimenta por pneu. Então, também é uma tendência muito forte as frotas de caminhões migrarem para a eletrificação”, reforça.
Com uma história de pioneirismo, a Eletra continua a incorporar novas tecnologias para se manter competitiva.
Desde o lançamento do primeiro ônibus híbrido, em 1999, até o recente e-troll, um trólebus com sistema autônomo de bateria, passando pelo primeiro ônibus elétrico puro articulado do mundo, a Eletra tem sido líder em inovação.
“Somos uma empresa 100% brasileira e a inovação está no nosso DNA. Acreditamos na diversidade da matriz energética e na convivência harmoniosa de várias tecnologias, como biodiesel, eletricidade e, futuramente, células de hidrogênio”, ressalta Ieda.
A Eletra também se destaca por suas iniciativas sustentáveis.
Dentro da própria fábrica, a empresa adota práticas rigorosas de reciclagem e uso de veículos elétricos.
Durante a pandemia, a Eletra reforçou o conceito de durabilidade e reaproveitamento, em oposição ao mundo descartável.
Essa atuação de destaque no mercado nacional levou a empresa a ser reconhecida como “Líder da Energia”, premiação realizada pelo Grupo Midia, na categoria Mobilidade.
“Este é um evento importantíssimo para o segmento e é uma honra receber esse prêmio. A energia é a grande força que vai mover o futuro. O Brasil tem o privilégio de possuir uma diversidade de fontes energéticas, o que será um diferencial significativo no cenário global. A energia já move o mundo hoje e será fundamental para um futuro melhor”, enfatiza.
Ieda ainda destaca que a Eletra está preparada para olhar para o mercado, entender suas necessidades e lançar novas versões.
De acordo com a diretora executiva, quando se fala em elétricos, a questão fundamental, neste momento, é a matriz energética.
“Nós vamos ter durante muito tempo o biodiesel, a eletricidade, o gás, e, no futuro, teremos a célula de hidrogênio. São tecnologias que precisamos aprender a conviver, sem disputas agressivas. Cada tecnologia tem o seu melhor ponto de aplicação e o seu melhor custo-benefício. O futuro vai ser definido pela capacidade energética dos países. Sem energia, não construímos, não produzimos, não pensamos num futuro melhor pros nossos filhos e nossos netos”, finaliza.
Essa matéria foi publicada na 51ª edição da revista Full Energy. Clique aqui para ler a revista na íntegra.