Estudo realizado pela FESA Executive Search, empresa de seleção de executivos C-Level do Grupo FESA, com as 25 principais empresas de energia que atuam no Brasil, aponta que o gênero masculino ainda responde por grande parte de executivos de alta gestão na área de energia. O estudo considerou empresas nos setores de geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia, mapeando um total de 238 profissionais.
Apesar de dados do CREA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia) apontarem para um crescimento de 42% no número de profissionais femininas registradas entre 2016 e 2018, o levantamento da FESA mostra que 19% dos cargos são exercidos por mulheres, sendo que apenas 6% atuam nas posições de negócios, como CEO ou líder das áreas de Operações, Manutenção, Novos Negócios ou Engenharia / Construção. Se forem consideradas posições de apoio ao negócio, como nas áreas Jurídico/Regulatório, RH, financeiro ou Comunicação, o número de mulheres chega a 13%.
“Isso significa que as empresas ainda apresentam restrições no que se refere a empregar mulheres em áreas técnicas especificamente ligadas à engenharia, ou que ainda não investem igualitariamente no desenvolvimento técnico do público feminino em relação ao investimento dos homens do setor. Também existe o fato de a procura pela qualificação universitária nos cursos de engenharia ainda serem predominantemente masculina. Conseguimos ver esse reflexo ao analisarmos o corpo docente da Escola Politécnica da universidade de São Paulo – USP, uma das renomadas do Brasil, no qual os professores representam 87%”, afirma Carlos Guilherme Nosé, CEO e Sócio do Grupo FESA.
Para Diego Lopes, sócio do Grupo FESA e especialista no setor de energia, além das questões citadas por Carlos Guilherme, precisamos ter discursos mais inclusivos dos Conselheiros de Administração e da Alta Gestão das companhias. Também é necessário investirmos na construção de políticas corporativas menos subjetivas, o que consequentemente nos conduziria à processos decisórios mais claros e menos sujeitos aos vieses inconscientes ou aos preconceitos de qualquer natureza.
Ainda segundo mostra o estudo feito pela empresa, o segmento de Distribuição é o mais inclusivo, com 31% de mulheres na gestão. Em seguida, Geração de Energia apresenta 23%, enquanto os setores de Transmissão e de Comercialização apresentam apenas 13% e 12% de mulheres no C-level, respectivamente.
Em relação à origem do capital, as empresas mais inclusivas são as de capital europeu, com uma média de 39% de mulheres na alta liderança, enquanto empresas de origem brasileira e norte americana apresentam 22% e 11% de mulheres, respectivamente.
Na EDF Renewables, empresa francesa que vem expandindo sua atuação no Brasil, as mulheres representam 42% ao todo da empresa e 50% dos membros do Comitê de Direção. Luísa Moreira, que ingressou na empresa na posição de engenheira sênior, é atualmente Diretora de Operações e responsável pela gestão dos parques eólicos e solares, que correspondem aproximadamente a 1 GW.
“Sem dúvida é um grande desafio trabalhar em uma área majoritariamente masculina. É necessário ter resiliência para conquistar respeito e ganhar espaço. Ao longo da minha vida pessoal e profissional, tive a sorte e o prazer de conhecer e trabalhar com mulheres fortes que me inspiraram e me deram força para enfrentar os desafios do dia a dia. A representatividade de ter mulheres ocupando cargos de liderança é importante para encorajar e para demonstrar que esse lugar também pode pertencer a outras mulheres. Fico feliz de ver cada vez mais mulheres na área técnica e no setor de energia, tenho orgulho de fazer parte dessa mudança”, afirma a executiva.