O último ano foi de extrema importância para a energia eólica brasileira. Segundo a Associação de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), mais de 109 parques eólicos novos foram instalados no Brasil, oferecendo um total de 4,05 GW de capacidade adicionada.
Além disso, na parte política, o Congresso Federal se esforçou para aprovar os marcos legais, abrindo um novo direcionamento para o segmento eólico seguir em 2024.
“Precisamos partir para regulamentações em offshore, hidrogênio e mercado de carbono, iniciando os processos para investimentos. As atividades da ABEEólica seguirão nessa linha, mas também nos debruçaremos nos impactos da reforma tributária, armazenamento de energia, gargalos marítimos e terrestres na logística, e insumos de suprimentos na cadeia produtiva, ações socioambientais e o lançamento do Guia de Boas Práticas para o setor eólico”, relata Elbia Gannoum, presidente executiva da Associação.
Na visão da gestora, 2024 também será um ano para manter e alinhar os parâmetros para o bom funcionamento das eólicas offshore, lidando com questões de acesso, restrições de escoamento da energia pelo sistema de transmissão, outorgas, entre outros pontos.
Como é de se esperar nos mais diversos segmentos da matriz energética, o setor eólico enfrentará desafios regulatórios, como o acesso à transmissão, com destaque para a ampliação da margem de escoamento, redução das retrições e indisponibilidade do sistema; outorgas, e limpeza de base.
Para Elbia, o papel da ABEEólica nesse sentido é desenvolver estudos e apresentá-los aos tomadores de decisão.
“Precisamos participar das chamadas públicas e reuniões para contribuir, enquanto indústria, para a modernização das regulamentações com objetivo maior: a transição energética.”
A gestora acredita que esse é o momento do Brasil dar os primeiros passos para se posicionar como protagonista na transição energética verde.
“Nosso país está avançado em relação a outras nações e é necessário orientar e contribuir com os países que não conseguiram evoluir rapidamente nesse quesito. O compartilhamento de conhecimento salva vidas.”
Perspectivas políticas e econômicas
Analisando o mercado no ano que se inicia, Elbia afirma que as principais perspectivas no segmento eólico envolvem “colocar em prática um novo modelo econômico, fundamentado em uma transição energética justa e verde, e em processos produtivos baseados na natureza, no âmbito de uma economia de baixo carbono.”
Ela acredita que o essencial para o Brasil não seria uma transição energética, mas uma transformação econômica social.
“Ampliando meu olhar, entendo a energia em um conceito de indústria, levando em consideração toda economia e sociedade, colocando os limites sociais e do planeta, diante de um quadro grave de mudanças climáticas. É necessário estudar e debater a indústria energética brasileira e todas as suas complexidades e benefícios. Pensando em uma economia mais integrada, regenerativa, respeitando o meio ambiente, a sociedade e a governança.”
De forma mais objetiva, a presidente-executiva da ABEEólica espera um crescimento na média de 4 GW e a realização do primeiro leilão de sessão de uso do mar, criando um marco no desenvolvimento da energia eólica offshore.
Para que isso aconteça, o mercado aguarda o marco legal das eólicas offshore, que foi aprovado em novembro na Câmara, com o PL 11247/2018) e aguarda decisão do Senado.
“Precisamos crescer economicamente e viabilizar a neoindustrialização, garantindo que os investimentos globais permaneçam em nosso país. Por isso é necessário avançar na regulamentação das eólicas offshore, hidrogênio renovável e no mercado de carbono. O caminho está definido, mas é necessário impulsionar e acelerar o processo.”
Leia essa e outras matérias exclusivas na Full Energy 48