A maior usina de energia solar fotovoltaica em formato carport do Brasil foi inaugurada em Sorocaba, no interior de São Paulo com a presença de autoridades municipais e estaduais, além dos responsáveis pelo projeto.
Localizada no bairro Alto da Boa Vista, a usina tem capacidade de gerar energia suficiente para suprir o consumo médio de 2 mil residências populares.
Para a construção do carport, foi realizado um investimento privado de R$ 21 milhões. A responsável por projetar a estrutura foi a Viridian Ecoenergia, empresa especializada com mais de 10 anos no mercado.
Segundo o engenheiro responsável, Paulo Cesar Costa, a produção da usina é estimada em 4.500 MWh/ano, o que significa que 7160 toneladas de dióxido de carbono (CO2) deixarão de ser emitidas na atmosfera.
O CO2 em alta concentração causa a poluição do ar e tem efeitos prejudiciais, como a formação de chuva ácida e desequilíbrio do efeito estufa, apontado por especialistas como fator principal para a elevação de temperatura da Terra e das mudanças climáticas.
Ao produzir energia limpa, a usina de Sorocaba contribui para reduzir a emissão de dióxido de carbono de forma equivalente à ação de 45.250 árvores.
“É um grande projeto que foi concebido com o que há de mais moderno no setor. Tivemos pelo menos 50 profissionais envolvidos, desde engenheiros até a equipe de obras. A estrutura metálica utilizada é leve e, ao mesmo tempo, resistente, o que reduz os custos com materiais e garante a segurança. Já os módulos fotovoltaicos seguem padrões internacionais de qualidade”, explica Luiz Cláudio Rosa, diretor da Viridian Ecoenergia.
O investimento é importante para a geração de energia no país, já que atualmente a energia solar fotovoltaica é a segunda maior matriz energética do Brasil, segundo mapeamento divulgado em janeiro pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
A fonte solar fotovoltaica chegou a 23,9 gigawatts (GW) de potência instalada operacional no Brasil, ficando atrás somente da fonte hídrica, que tem hoje 109,7 GW.
Mega estrutura
Para atingir a produção de 3 megawatt-pico (MWp), a usina conta com 4.589 módulos fotovoltaicos de 655 watts, que foram importados da China.
Eles foram distribuídos em uma área de 30 mil metros quadrados, sendo 14 mil metros quadrados cobertos por painéis solares, e formam um estacionamento solar (ou carport solar) com 789 vagas cobertas, das quais, inicialmente, 37 vagas estarão preparadas para veículos elétricos.
As placas foram colocadas sob uma estrutura metálica em forma de colmeia, totalizando 56 toneladas de aço utilizadas no projeto.
As vagas têm um diferencial: são dispostas em vãos de 12,5 metros entre os pilares de concreto, o que traz muito mais conforto para os motoristas estacionarem.
Além disso, a cobertura fotovoltaica abrange parte da faixa de circulação de veículos, ampliando a área produtiva.
Com isso, a usina tem um ganho significativo de 30% a mais do uso do terreno, revertendo em produção de energia e mais economia.
“Pensar em sustentabilidade é uma necessidade e temos orgulho em executar esse projeto em Sorocaba, traduz o valor e a missão da Viridian que é oferecer soluções inteligentes que gerem economia e tragam benefícios ao meio ambiente. A usina tem potencial de economia que ultrapassa R$ 300 mil por mês. Considerando que os módulos fotovoltaicos têm durabilidade de até 30 anos, o investimento é muito vantajoso e pode gerar um retorno em economia superior a R$ 100 milhões ao longo do tempo”, diz Rosa.
O projeto ainda conta com uma central de inteligência com dois andares e ampla visão do perímetro do estacionamento.
A estrutura abriga toda a parte eletrônica da usina, com ambiente climatizado para garantir a eficiência máxima dos inversores, equipamentos que têm a função de converter a energia produzida pelos módulos solares para o uso em aparelhos elétricos.
Segundo os especialistas da Viridian, esse é um diferencial da usina em Sorocaba, pois, em geral, os inversores são instalados no campo, próximo das placas e expostos às variações climáticas.
“No nosso projeto, as placas solares são conectadas aos inversores por cabos que chegam a essa central de inteligência por meio subterrâneo. Os inversores são mantidos a 25° C, garantindo o máximo desempenho mesmo nos momentos de altíssima temperatura na área externa, onde teriam uma queda de até 20% na produção de energia. Com essa estrutura que criamos, esse impacto negativo é eliminado”, afirma Luiz.
Outro diferencial da central de inteligência é que ela foi projetada para permitir que a usina seja expandida em área e em capacidade de geração de energia. O projeto nasce moderno e já com foco no futuro.
“É uma usina na qual criamos o conceito de estacionamento para veículos com rodas, mas há a previsão de receber e guardar veículos elétricos de voo, além de abastecê-los no local, como se fosse uma ‘marina’ para os veículos do futuro.”
Recarga de veículos elétricos aéreos de pouso e decolagem verticais
A usina fotovoltaica de Sorocaba foi projetada pensando no futuro do transporte de pessoas do país e, além de comportar pontos de recarga de veículos elétricos, a estrutura possui a capacidade de abastecer veículos de pouso e decolagem verticais, uma grande novidade do setor que entrará em uso no país em 2026.
A empresa responsável pelo desenvolvimento dos veículos eVTOLs no Brasil é a EVE Air Mobility, spin-off da Embraer e com sede nos Estados Unidos.
A empresa já vem comercializando uma quantidade grande destes veículos e também estimulando e auxiliando os stakeholders referente às necessidades de infraestrutura para suportar as operações de eVTOL
Durante a execução do projeto da usina de Sorocaba, as vagas foram projetadas para ficarem 12,5 m de distância umas das outras, e como a envergadura destes veículos elétricos aéreos é de 12 m, viabiliza a usina para atuar também no reabastecimento deste tipo de veículo.
Como funciona uma usina solar
A usina fotovoltaica é uma estrutura de grande porte com o objetivo de gerar energia a partir da captação dos raios solares. A geração ocorre por meio de painéis fotovoltaicos que produzem eletricidade em corrente contínua.
Além das placas, o sistema conta com inversores que realizam a conversão da energia em corrente alternada, ou seja, permitem que a energia esteja de acordo com o padrão de consumo de residências, estabelecimentos e indústrias.
Por lei, é permitido que grupos de consumidores se beneficiem a partir da geração de energia de um único empreendimento, como uma usina fotovoltaica.
“O consumidor que não tem espaço para ter um sistema fotovoltaico, mas quer se beneficiar e reduzir o gasto de energia pode locar parte da capacidade produtiva da usina mediante um contrato. Isso é registrado na concessionária e ele obtém a economia. É o que chamamos de geração compartilhada”, esclarece Rosa.
Em Sorocaba, a usina do Alto da Boa Vista é pioneira em oferecer esse modelo de “aluguel” de energia limpa para terceiros.