No início de abril, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou as projeções de consumo de eletricidade e de geração pelas usinas de micro e minigeração distribuída (MMGD) até 2029.
A nova estimativa indica redução da carga a ser atendida, o que pode influenciar positivamente os preços futuros da energia.
“Em março, o PLD apresentou uma alta nos submercados Sudeste/Centro-Oeste e Sul, atingindo média de R$ 327/MWh, devido à degradação do cenário hidrometeorológico. Já nos submercados Norte e Nordeste, o PLD permaneceu no valor mínimo regulatório de R$ 58,60/MWh. Apesar do cenário adverso, a ANEEL manteve a bandeira tarifária verde para abril. Até 21 de abril, o PLD médio ficou em R$ 201/MWh”, explica Alan Henn, engenheiro elétrico e CEO da Voltera.
Os níveis dos reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) são semelhantes aos de 2024, ano marcado por um período úmido fraco.
O nível atual exige atenção, considerando o início do período seco, que tipicamente se inicia no começo de maio.
A ENA em março foi bastante reduzida, reflexo da atuação prolongada de uma zona de alta pressão sobre o continente.
“Ainda que abril tenha projeções melhores de chuva, não se espera reversão completa do cenário”, explica Alan Henn.
O consumo de energia foi elevado na primeira quinzena de março, impulsionado por altas temperaturas.
Com o recuo da massa de ar quente, o consumo caiu na segunda metade do mês.
“O balanço energético reforça a importância da geração termelétrica, que operou na base para suprir a demanda. A geração solar teve bom desempenho, alcançando até 24 GW nos horários de pico de geração, enquanto a geração eólica foi impactada pelas condições meteorológicas no Nordeste. A geração hidrelétrica atuou de forma complementar, especialmente após às 19h”, conta.
As chuvas de março ficaram abaixo da média em grande parte do território nacional, com exceções pontuais no Norte.
Os modelos climáticos para abril divergem, porque enquanto o GFS (EUA) prevê chuvas acima da média em grande parte do Brasil, o ECMWF (Europa) aponta volumes acima da média apenas em regiões específicas.
A divergência ocorre por conta do fim do fenômeno La Niña e da influência de outros sistemas, como a Oscilação Antártica.
“No mercado futuro, os contratos de energia para 2026 mantiveram alta ao longo de março, com leve recuo após a divulgação da revisão das projeções de consumo para os próximos cinco anos. No campo regulatório, discutem-se atualizações na metodologia de cálculo dos limites do PLD, tanto o mínimo quanto o máximo, além de mudanças nos subsídios e políticas de autoprodução para reequilibrar os custos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)”, finaliza, Alan.
Na última sexta-feira o governo anunciou a bandeira tarifária amarela para o mês de maio, sendo mais um reflexo de um momento desafiador e que tende a não ser amenizado nos próximos meses.

Artigo escrito por: Alan Henn, CEO da Voltera.