Relatório global revela avanços e desafios da matriz energética mundial

O relatório Statistical Review of World Energy, publicado pela Energy Institute em parceria com KPMG e Kearney, revelou os dados mais abrangentes sobre a matriz energética global em 2023.

O documento traz uma radiografia detalhada do consumo, produção, e emissões de CO₂ em escala mundial, com foco nas principais fontes: petróleo, gás natural, carvão, energias renováveis e nuclear.

Embora o crescimento das fontes renováveis continue firme, os combustíveis fósseis ainda representam mais de 80% do consumo primário de energia global.

As energias solar e eólica cresceram 9% em 2023 — ritmo expressivo, mas insuficiente para compensar o aumento contínuo da demanda energética mundial, especialmente nas economias emergentes.

O consumo total de energia primária aumentou 2% no ano, superando os níveis pré-pandemia. Já as emissões globais de CO₂ relacionadas à energia cresceram cerca de 1,1%, atingindo novo recorde, o que acende alertas sobre os compromissos climáticos assumidos por países no Acordo de Paris.

Quanto ao petróleo, o consumo global atingiu 100 milhões de barris por dia, com destaque para a recuperação do setor aéreo e aumento da demanda na Ásia.

Já o gás natural, apesar da queda na Europa (-7,5%), o uso global se manteve estável, puxado por América do Norte e China.

O consumo mundial de carvão se manteve em patamar elevado, com aumento significativo em países como Índia e Indonésia, enquanto Europa e EUA registraram forte queda.

Energias renováveis ganham espaço

As energias solar e eólica responderam por quase 15% da geração global de eletricidade — uma marca histórica. A energia solar, em particular, teve um crescimento de 24% em capacidade instalada. Já a fonte eólica teve expansão mais modesta, prejudicada por desafios logísticos e custos de financiamento.

Energia Nuclear

A geração nuclear teve leve alta (1,3%), com novos reatores entrando em operação na China e nos Emirados Árabes. A hidroeletricidade caiu 2,2%, afetada por secas prolongadas em várias regiões, como América do Sul e sudeste asiático.

Brasil

O Brasil é responsável por mais de 40% da demanda de eletricidade na América do Sul e Central. As energias eólica e solar brasileiras aumentaram 17% e 71%, respectivamente. A participação das energias renováveis ​​na geração total de energia global aumentou de 29% a 30%. Esses são dados do estudo Statistical Review of World Energy – 2024 73° edition, feito pelo Energy Institute com a colaboração da KPMG.

“Enquanto a América do Sul e Central experimentaram taxas de crescimento acima da média global, as demandas na América do Norte e na Europa sofreram quedas de -1% e -2%, respectivamente, em consequência de regulamentações de eficiência energética, iluminação com menor gasto de energia e mudança de hábitos de consumo”, explica Manuel Fernandes, sócio-líder do setor de Energia e Recursos Naturais da KPMG no Brasil e na América do Sul.

O estudo ainda indica que os Estados Unidos, o Brasil e a Europa foram responsáveis ​​por cerca de três quartos de todos os biocombustíveis consumidos globalmente. A produção global de biocombustíveis cresceu mais de 8% em 2023 com os maiores aumentos observados nos EUA (75 mboe/d) e no Brasil (65 mboe/d).

Destaques regionais

  • China: Maior consumidora e produtora de energia do mundo, puxando a demanda global.
  • Estados Unidos: Redução no uso de carvão e leve queda no consumo total.
  • Europa: Forte retração no gás natural e avanço da energia renovável.
  • América Latina: Crescimento das renováveis e redução da geração hidrelétrica.

Caminhos para a segurança e transição energética

O relatório aponta que, apesar do crescimento das renováveis, a segurança energética e a estabilidade dos preços ainda dependem fortemente dos combustíveis fósseis.

A diversidade da matriz, investimentos em armazenamento e redes inteligentes são apontados como cruciais para a transição energética sustentável.

“A realidade é que a transição global está em curso, mas a velocidade ainda está abaixo do necessário para atender às metas climáticas globais”, destaca Juliet Davenport, presidente do Energy Institute.

A análise da Statistical Review of World Energy 2024 mostra um mundo em transição, mas ainda altamente dependente de fontes convencionais.

O avanço das renováveis é promissor, mas precisa ser acelerado com políticas públicas consistentes, financiamento adequado e compromisso das grandes economias.

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