Setor de energia busca reduzir impacto das mudanças climáticas sobre suas operações

O segmento de transmissão necessita atualmente de mais infraestrutura para levar a energia renovável.

Concessionárias de energia estão incluindo os estudos climáticos futuros em seus projetos como forma de proteger os ativos e manter a operação.

Isso acontece diante  um cenário no qual as linhas de transmissão estão sendo impactadas por ventos cada vez mais velozes, descargas elétricas, erosões e incêndios mais recorrentes, que causam desligamentos e prejuízos às empresas e à sociedade.

O cenário de atenção no setor e as medidas que vêm sendo adotadas foram destaque do II EMSEA – Encontro Nacional de Mudanças Climáticas Para o Setor de Energia e Agronegócio –, realizado pela Climatempo.

“Não basta hoje olhar apenas o histórico dos eventos, porque o cenário mudou com o aquecimento global, então são necessárias análises de modelos meteorológicos futuros para que sejam feitas adaptações e medidas de mitigação dos impactos nas linhas”, afirmou o superintendente de transmissão da Alupar, Sergio Antezana, painelista do II EMSEA.

“Desta forma, conseguimos, por exemplo, realizar a poda da vegetação de forma mais inteligente em áreas com risco de incêndio ou identificar onde pode haver chuvas fortes e enviar equipes que atuem rapidamente no caso de desligamento”.

Para contribuir com as questões de transição energética e de descarbonização, o segmento de transmissão necessita atualmente de mais infraestrutura para levar a energia renovável primordialmente gerada no Norte e Nordeste do Brasil para os grandes centros de consumo do Sul, Sudeste e Centro Oeste.

“A geração elétrica brasileira hoje é 90% renovável, mas são necessárias mais linhas de transmissão para ajudar a promover a transição energética nacional, limpando o consumo nos grandes centros”, observou o diretor de ESG da EDP, Dominic Schmal.

Desafio 

No ano passado, mais de 10 mil quilômetros de linhas foram leiloados para fazer essa conexão, e o desafio será implementar os novos projetos com tecnologia de baixa emissão de carbono e uma infraestrutura adaptada às mudanças climáticas.

“Temos realizado estudos para adotar medidas adaptativas nos projetos, porém os eventos climáticos mais extremos são realidade e o desafio é trazer essa discussão dos impactos também para a regulação do setor”, apontou Ana Carolina David, gerente de Comunicação, Sustentabilidade e Relações Institucionais da ISA CTEEP.

Sobre essa questão, a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) realizou tomada de subsídios no primeiro semestre do ano para avaliar a necessidade de intervenção regulatória associada ao aumento da resiliência a eventos climáticos nos sistemas de transmissão e distribuição.

Segundo a coordenadora da Secretaria de Inovação e Transição Energética da ANEEL, Djane Fontan Melo, painelista do encontro, a agência está atenta ao fluxo da energia limpa para as áreas de maior consumo e aos desafios de resiliência das linhas frente aos eventos climáticos extremos, como maneiras de colaborar com a transição energética e garantir a segurança energética brasileira.

Papel do GN e do biometano na transição energética

O gás natural e o biometano também possuem papeis importantes no contexto de transição energética, pois são fontes energéticas menos intensivas que substituem os combustíveis fósseis.

“Comparado ao diesel, o uso do metano é capaz de gerar uma descarbonização significativa especialmente no transporte pesado”, disse no evento Christiane Delart, diretora de distribuição de gás na Naturgy Brasil.

Concessionárias como a Naturgy Brasil e a Comgás estão empenhadas em desenvolver corredores sustentáveis no País, a fim de estimular a circulação de frotas de caminhões movidos a gás natural e biometano pelas rodovias brasileiras.

Por enquanto, um corredor verde na Rodovia Presidente Dutra, ligando o Rio de Janeiro a São Paulo, está em operação, mas outros 10 estão previstos para funcionarem em outras rodovias no curto prazo.

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