“Tecnologia como facilitadora da consolidação do ESG no setor de óleo e gás”, por Roberta Cipoloni Tiso, da green4T

Na construção dessa nova jornada, o papel da tecnologia é fundamental.

O setor de óleo e gás (O&G) global vive um dos momentos mais conturbados de sua história recente.

A alta nos preços internacionais e o conflito entre Rússia e Ucrânia têm gerado tensão acima da média quanto ao risco de desabastecimento de energia, afetando empresas e pessoas.

Dentro deste contexto desafiador, as companhias de O&G passam por uma reformulação profunda de toda a sua cadeia de valor, incluindo a gestão das unidades produtivas e a criação de novos modelos de negócio.

Tudo para estarem alinhadas à nova agenda empresarial definida pelo ESG (Enviroment, Social and Governance, em inglês).

Na construção dessa nova jornada, o papel da tecnologia é fundamental.

A adoção de ferramentas tecnológicas inteligentes resulta na eficiência que entrega produtividade e na geração de uma consciência situacional sobre o impacto do setor na sociedade e na natureza, gerando insights valiosos para mitigar eventuais efeitos negativos.

Mais além, ao validar suas políticas de ESG com dados e métricas, as empresas se credenciam às linhas de crédito “verdes”.

Exemplos aplicáveis

Do ponto de vista ambiental, a implantação de soluções tecnológicas em toda a cadeia de valor vem ajudando o setor a reduzir suas emissões de carbono.

É importante porque, segundo a consultoria McKinsey, a indústria de O&G contribui direta e indiretamente com 42% do CO2 despejado na atmosfera.

Com o foco exclusivamente na operação de extração, produção e distribuição, seriam 8%. A meta seria diminuir em 90% este volume até 2050.

O estudo da McKinsey indicou ainda que, quase metade da pegada de carbono do setor (47%), é proveniente de vazamentos nos gasodutos.

Assim, a adoção de ecossistemas com sensores inteligentes e conectados (IoT) vem permitindo monitorar de forma mais eficiente estas redes de distribuição.

Alertas eletrônicos são emitidos em tempo real em caso de fuga de gases, óleo ou eventual superaquecimento de sistemas, acionando as equipes de resposta para agirem no menor tempo e com mais assertividade.

A mesma arquitetura de IoT fornece dados essenciais para a realização de ciclos de manutenção preditiva e preventiva, diminuindo o risco de downtime das unidades industriais que possa ser motivado por falhas não previstas nos equipamentos.

No aspecto social, o uso da tecnologia no setor de O&G resulta em elevação da segurança dos funcionários.

Com a robotização e a automação dos processos industriais considerados perigosos, onde máquinas realizam as tarefas de alto risco em parques fabris ou nas plataformas de extração, minimiza-se consideravelmente a probabilidade de acidentes envolvendo vidas humanas.

Dispositivos tecnológicos vestíveis — wearables — são adotados para monitorar funções vitais dos colaboradores ativos em instalações remotas, bem como detectar eventuais ameaças invisíveis, como vazamentos de gases tóxicos inodoros que possam colocar em risco a saúde dos trabalhadores.

O monitoramento remoto das infraestruturas petrolíferas realizado com a ajuda de drones, câmeras inteligentes, óculos de realidade aumentada e sensores conectados também se traduz em redução substancial nas emissões de carbono relacionadas ao transporte dos profissionais.

Engenheiros podem, por exemplo, inspecionar unidades de produção a centenas de quilômetros de distância, por meio de dashboards e técnicos locais equipados com óculos inteligentes com imagem de alta resolução.

Por ano, este recurso elimina toneladas de CO2 que seriam emitidas em viagens das equipes de inspeção às unidades produtoras e refinarias, não raro, situadas em lugares remotos, distantes dos headquarters das companhias.

ESG como investimento

A jornada de transformação das empresas do setor de O&G passa por diversificar e otimizar os recursos no portfólio, adotar e desenvolver objetivos inteligentes para a transição energética, atrair, treinar e reter bons profissionais, adaptando completamente suas operações aos requisitos ESG.

Organizações orientadas por estes propósitos e habilitadas com alta tecnologia, movidas por metas inteligentes e estratégias progressivas podem fazer a diferença nesta indústria.

A percepção da importância de se estabelecer com rigor os objetivos e padrões ESG já é consenso para a maioria dos executivos do setor, segundo recente pesquisa da Deloitte — Oil and Gas Industry Outlook 2022. Para 59% dos CFOs entrevistados pela consultoria, o desenvolvimento de benchmarks, guidelines, diretrizes e métricas ESG em 2022, bem como avaliação de custos e riscos relacionados ao clima, é a estratégia prioritária para a década.

Sobretudo, porque o business a partir de agora depende da atuação positiva e comprovada das companhias junto ao meio ambiente e à sociedade.

Colaborar de forma contundente com a descarbonização da economia, visando frear o aquecimento do planeta dentro dos parâmetros determinados pela ONU, bem como gerar valor genuíno nas relações com funcionários, parceiros, acionistas e stakeholders, são as novas senhas de acesso a fundos de investimento trilionários, como a Blackrock ou o Climate Action 100+, iniciativa que reúne mais de 500 big companies signatárias que controlam US$ 50 trilhões em assets, para ações voltadas às mudanças climáticas.

A longevidade e a competividade das companhias de O&G depende disso.

Não há futuro para elas sem ESG. E, neste cenário de ressignificação que antecede a transição energética do mundo, a tecnologia vem exercendo um papel fundamental para uma transformação verdadeira e sustentável de todo o setor.

** Artigo escrito por Roberta Cipoloni Tiso, diretora de Marketing e Sustentabilidade da green4T

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