O aumento do combustível é uma pauta recorrente em todo o mundo e vem sendo sentido com mais intensidade desde 2021. Conforme levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), apenas no ano passado o preço médio da gasolina comum subiu 44,3% e do diesel 44,6%. Além disso, o diesel possui grande parcela nos custos dos insumos de cada atividade de transporte, correspondendo a uma média de 35% para as transportadoras.
Mais recentemente, com as primeiras manifestações do conflito entre Rússia e Ucrânia iniciados em 24 de fevereiro deste ano, o contexto econômico brasileiro passou a vivenciar ainda mais esse elevado custo. Como consequência, após cerca de dois meses de valores congelados nas refinarias, a Petrobras anunciou um novo reajuste nos preços da gasolina e do diesel, chegando a uma alta de 18,8% e 24,9%, respectivamente.
Ainda com base em estudos da ANP, apenas no estado de São Paulo, o preço médio de cobrança nos postos de abastecimento, em março de 2021, era o equivalente a R$ 4,178 para o diesel comum e a R$ 4,261 para o S10. Hoje, o valor registrado nas bombas subiu para R$ 5,616 e R$ 5,702, na devida ordem, resultando em um aumento de 34% para o diesel comum e de 36% para o S10, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Para Adriano Depentor, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região (SETCESP), esse momento das transportadoras é de adaptação. “Não é possível prever como as coisas caminharão, já que é um impacto internacional muito forte, então nos adequaremos conforme os reajustes que forem feitos no mercado. No momento, a ação mais importante é o repasse, pois não é possível bancar os custos. Vale lembrar que esse repasse não tem como objetivo aumentar a margem de lucro, mas sim arcar com os custos dos insumos”.
Além disso, diante desse cenário de variações, a entidade iniciou o desenvolvimento de um painel do diesel, em parceria com o Instituto Paulista de Transporte de Cargas (IPTC), que será lançado hoje (22), no site do SETCESP. Essa ferramenta auxilia o transportador associado à entidade para que ele tenha mais eficiência no custo operacional e para que possa acompanhar os aumentos do combustível em 106 municípios do estado.
Segundo Bruno Carvalho, analista de dados do IPTC: “Com esse dispositivo, o transportador consegue ter uma noção de onde o diesel está mais barato, para, então, se organizar no momento de definição da rota que percorrerá. Além disso, colocamos uma série histórica, desde janeiro de 2021, para que ele saiba como está o cenário e o que pode acontecer. Assim, conseguimos contribuir para diminuir um pouco desse impacto no setor”.
Alguns testes realizados na ferramenta constataram que certos locais estavam com o valor mais elevado, geralmente em municípios menores. Isso mostra que em grandes regiões a variação não é tão alta, e essas informações tornam-se importantes para que o transportador saiba qual a melhor área para abastecer o veículo e finalizar o percurso.
“Elaboramos e atualizamos o painel semanalmente, às terças-feiras, e colhemos todos os dados brutos junto aos levantamentos da ANP, que é a fonte mais segura e confiável que temos. Esse projeto surgiu justamente pela alta atípica no preço do diesel, dado que tem um efeito muito grande no custo da operação. Com isso, há um auxílio eficiente e preciso para reduzir essa situação”, finaliza Bruno.
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