A iniciativa Sim, Elas Existem foi criada por Agnes Maria da Costa, diretora da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), e Renata Isfer, presidente-executiva da Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), em 2018.
Com objetivo de pautar o discurso sobre diversidade e inclusão de gênero da matriz energética, o movimento surgiu pois “não existia nenhuma mulher em cargos de liderança no setor público, na época. Desde então, conseguimos avançar bastante nesse quesito e, principalmente, com o debate da presença feminina, que é de extrema importância”, pontua Renata.
Na visão da gestora, um dos principais ganhos com o Sim, Elas Existem e com a presença feminina na liderança é o exemplo, que serve de motivação para novas profissionais.
“Quando as mulheres veem essas grandes executivas em destaque, elas conseguem perceber que é possível alcançar esse patamar, então elas param de se limitar e se dedicar com uma nova fonte de inspiração.”
Renata também aponta que o setor inteiro ganha com isso, uma vez que estudos que mostram como a diversidade efetivamente trazem mais lucro para as empresas.
“Além de ser algo bem quisto pelo setor, as companhias conquistam uma cama maior de ideias e de soluções, que só podem surgir quando pessoas de diferentes backgrounds conseguem trocar experiências. A partir todo momento que todos os líderes possuem o mesmo perfil, a tendência é que pensem igual.”
Na visão da gestora, o estilo de liderança feminina traz uma abordagem mais empática, uma vez que as mulheres têm tendência a analisar o cenário além dos números, ponto que não é tão importante para muitos homens, que representam uma porcentagem maior da liderança do setor.
Com relação à essa diferença discrepante, Renata declara que o simples fato de ser mulher é um desafio.
“Existem vieses inconscientes que fazem os outros te olharem como se você tivesse menos capacidade ou tenha sobrecarga de trabalho apenas porque assume responsabilidades em casa ou com os filhos. Também existe uma questão de remuneração que se apresenta em diversos setores, mas seguimos sempre em frente em busca de nosso espaço.”
A presidente-executiva da ABiogás levanta o fato de que as mulheres sempre precisam provar muito mais suas competências e ainda assim enfrentam dificuldades em conquistar um cargo de gestão.
“Vemos vários homens que não são tão qualificados ocupando espaços que uma mulher mereceria, por exemplo. É desgastante, mas sempre damos o nosso melhor e tentando conquistar nossa visibilidade para que as próximas gerações não enfrentem essas dificuldades.”
Para auxiliar nesse processo, Renata acredita que as empresas do setor precisam mudar suas culturas organizacionais e realizar ações significativas com empenho, e não apenas cumprindo tabela.
“Não podemos esperar que as mulheres surjam pedindo por oportunidades e por salários maiores, porque isso também precisa ser oferecido para elas. E não falo de trocar um homem por uma profissional desqualificada, e sim de olhar para as inúmeras mulheres competentes e prontas para atuar em determinado cargo.”
Além de oferecer oportunidades, as empresas precisam oferecer suporte para todas as suas colaboradoras.
A gestora pontua que é necessário analisar cada caso, flexibilizar algumas regras e oferecer auxílio, seja no escritório, na estação de petróleo, ou outros locais.
“Precisamos educar todos os segmentos e realmente agir para incluir mulheres na prática. Não adianta colocar mulheres na empresa e não oferecer a inclusão verdadeira, afinal todas precisam se sentirem pertencentes a seu ambiente de trabalho.”