O uso difundido de energia gerada por hidrelétricas no Brasil e a expansão da geração de energia solar fazem do país um potencial destino para a construção de mega data centers.
“No Brasil, 63% do consumo energético já vem de energia renovável das hidrelétricas e mais de 2.200 horas de energia por ano são oriundas da luz solar. Portanto, empregamos energia mais limpa dos países com menos recursos hídricos. Como a sustentabilidade é cada vez mais cobrada por autoridades ambientais, o Brasil se torna um potencial destino para a construção de mega data centers, como já ocorre no norte europeu, na Groenlândia e na Rússia”, comenta Leonardo Andrade, arquiteto de infraestrutura de TI, da green4T, empresa de serviços de tecnologia e infraestrutura digital que atua em 12 países da América Latina.
O executivo ressalta que o processamento de dados e uso de data centers faz com que o segmento de TI apareça como um dos pontos de atenção nos estudos do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), que estima o uso entre 2 e 3% de energia elétrica do planeta pelo setor. Em 2019, o Instituto Multidisciplinar de Publicação Digital (MDPI, na sigla em inglês) apontou que, considerando o cenário de aumento das tecnologias para Inteligência Artificial (AI), Big Data e Internet das Coisas (IoT), cresce também a demanda por Computação de Alto Desempenho, elevando a estimativa de representatividade do consumo elétrico da TI para cerca de 13% até 2030.
A agenda de Ações Climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) pede esforços de todos os setores na busca de ajudar o planeta a chegar a zero líquido de emissões de carbono até 2050, e o setor de TI precisaria para tal, reduzir pela metade suas emissões, em cada uma das próximas três décadas.
“Por isso, as empresas de tecnologia em todo o mundo têm buscado adequar os seus data centers a fontes de energias limpas e sustentáveis e assim atingir a classificação de eficiência de uso de energia (ou PUE) necessária”, explica Andrade.
“Na Finlândia, por exemplo, há data center refrigerado com a utilização de água gelada do mar, em vez de usar o tradicional ar-condicionado Na Noruega há dois datas centers instalados em containers de processamento de dados a 100 metros de profundidade em uma antiga mina desativada. No mar da Escócia, outra gigante da tecnologia colocou data centers em cápsulas estanque submarinas”, completa.
Para a construção de uma TI sustentável e energeticamente eficiente, de acordo com Andrade, além do uso de energia limpa, é fundamental promover mudanças no planejamento interno, substituição por equipamentos mais modernos e que tenham mais autonomia, sem o uso contínuo de eletricidade e evitar o descarte de materiais na natureza. Treinamentos, novos investimentos e aprimoramento das tecnologias aplicadas também devem ser considerados pelas empresas do setor, na avaliação o executivo da green4T.