A descarbonização é o processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, especialmente de dióxido de carbono (CO2). Seu objetivo é alcançar uma economia global com emissões reduzidas para conseguir a neutralidade climática através da transição energética.
O dióxido de carbono (CO2), o metano e o óxido nitroso são os principais Gases de Efeito de Estufa (GEEs). O CO2 perdura na atmosfera por até mil anos, o metano por cerca de uma década e o óxido nitroso por aproximadamente 120 anos.
A concentração desses gases na atmosfera impede que o calor seja irradiado, aquecendo ainda mais a superfície terrestre, portanto, aumentando as temperaturas. Esse aumento decorrente da intensificação do efeito estufa é conhecido como aquecimento global.
Com o intuito de conter o aquecimento global, o Acordo de Paris foi assinado em 2015 e tem o objetivo de não permitir que o planeta se aqueça além de 1,5ºC até o final do século 21.
Cada país signatário estabeleceu metas de redução de emissão de gases de efeito estufa, chamadas de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês).
A NDC brasileira de 2015 estabelece que o Brasil deve reduzir as suas emissões em 37% até 2025 e 43% até 2030, em relação às emissões de 2005. Além disso, em 2021 o Brasil ainda se comprometeu a ampliar sua ambição para 50% de redução até 2030 e alcançar emissões líquidas neutras até 2050, ou seja, tudo que o país emitir deverá ser compensado com fontes de captura de carbono, como plantio de florestas, recuperação de biomas ou outras tecnologias.
Nesse contexto, o hidrogênio verde passou a ser considerado o vetor tecnológico desta década, por ser uma fonte energética renovável, inesgotável e não poluente, que pode trazer muitos benefícios para o meio ambiente e para toda a humanidade.
Hidrogênio Verde é aquele produzido com eletricidade oriunda de fontes de energia limpas e renováveis, como as de matriz hidrelétrica, eólica, solar e provenientes de biomassa, biogás etc. Ou seja, ele é carbono zero: obtido sem emissão de CO2.
De acordo com o relatório da PwC, o Brasil é um potencial player na produção de hidrogênio verde, uma fonte de energia limpa, mas que enfrenta um grande desafio relacionado ao alto custo de sua produção.
O documento aponta as possíveis utilizações do hidrogênio verde e as projeções de demanda – fator indispensável para a tomada de decisões sobre investimentos em projetos de infraestrutura.
Apresenta ainda algumas conclusões de um estudo desenvolvido pela PwC em parceria com o World Energy Council para avaliar a trajetória do custo de produção do hidrogênio verde em todo o mundo.
Em 2020, a carta anual de Larry Fink para os CEOs das empresas que recebem investimentos da BlackRock, gestora de fundos de investimentos, pela primeira vez citou a sustentabilidade como norte para as ações da corporação.
Tendo cerca de US 6,5 trilhões em ativos nos principais mercados globais sob sua gestão, a BlackRock se posicionou de maneira incisiva ao defender uma estratégia de negócios que seja responsável e a longo prazo, ao contrário do movimento até então visto como natural no mercado financeiro.
“Para prosperar, cada companhia terá que entregar não apenas performance financeira, mas também mostrar como faz uma contribuição positiva para a sociedade” – enfatizou Fink na sua carta.
A partir desse posicionamento de Fink, muitos outros investidores pelo mundo têm se manifestado a favor de empresas com propósito. Essa atitude pressiona as corporações a mudarem seus modelos de negócios, para que se tornem mais sustentáveis e responsáveis socialmente.
Isso significa estabelecer metas baseadas em ciência para comprovar efetivamente o empenho em direção ao tão sonhado NET ZERO.
As metas baseadas na ciência (science based targets) são um conjunto de ações empresariais claras e bem definidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Grande parte das empresas se baseia nos critérios definidos pela Global Reporting Initiative (GRI), uma organização internacional, sem fins lucrativos e pioneira no desenvolvimento de uma abrangente estrutura de Relatórios Sustentáveis.
A sustentabilidade avançou no meio empresarial não apenas por uma questão ambiental, social e de governança, definidas pela sigla em inglês ESG ((Environmental, Social and Governance) e envereda pelos critérios de valor da marca, da competitividade e do posicionamento perante a sociedade.
Cuidar da redução dos GEE da própria corporação e de todos os envolvidos direta ou indiretamente em sua operação, ganhou contornos ligados a sobrevivência da humanidade.
Alguns especialistas entendem que o planeta passa atualmente pela sexta extinção em massa atualmente. E, ao contrário dos cinco episódios anteriores, as causas não são as mudanças ambientais fortuitas ou a chegada de asteroides.
O conceito “antropoceno” — do grego anthropos, que significa humano, e kainos, que significa novo — foi popularizado em 2000 pelo químico holandês Paul Crutzen, vencedor do Prêmio Nobel de química em 1995, para designar uma nova época geológica caracterizada pelo impacto do homem na Terra.
Portanto, mais do que cuidar da preservação do planeta, precisamos cuidar da perpetuação da espécie humana. Investir em inovação perpassa a ideia do desenvolvimento meramente tecnológico e abrange também uma mudança de comportamento, ampliando para uma visão holística de construção da relação H2H – Human to Human (Humano para Humano).
Olhar para o outro, trabalhar pela busca do equilíbrio e de condições mais humanitárias nos levará a um mundo com menos desigualdades e maior preservação dos recursos da natureza.
A verdadeira descarbonização começa em cada um de nós, quando passamos a ajudar as pessoas que estão a nossa volta.
Em março deste ano, uma resolução histórica da Organização das Nações Unidas (ONU) pede para a Corte Internacional de Justiça (CIJ) determinar se os governos têm “obrigações legais” de proteger as pessoas do aquecimento global e questiona se o descumprimento delas seria passível de “consequências legais”.
A CIJ é o principal órgão judicial da ONU, responsável por resolver imbróglios entre Estados, além de emitir pareceres jurídicos a pedido de outros braços das Nações Unidas, como fez a Assembleia Geral.
Pela primeira vez, um governo está sendo processado no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) por inação no combate às mudanças climáticas.
O processo contra a Suíça foi apresentado por uma associação de idosos suíços chamada “Clube de Idosos do Clima”, alegando preocupações com as consequências do aquecimento global em suas condições de vida e saúde.
Diante disso tudo, que outras evidências precisamos ter para efetivamente agir em prol da descarbonização?