Educação e conhecimento são chaves para impulsionamento do setor nuclear, segundo Celso Cunha, presidente da ABDAN

"Nós temos conhecimento para construir, e não somente gerar commodities; mas também combustível", declara o presidente da ABDAN

A Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN) busca a cooperação e comunicação para impulsionar o setor nuclear no Brasil. 

Celso Cunha, presidente da entidade, destaca que a principal conquista da ABDAN nos últimos 12 meses foi a flexibilização do monopólio da exploração da mineração de urânio. 

“A MP 1133 se tornou a Lei 14.514, em 2022, permitindo que a iniciativa privada ajude o poder público a explorar a sétima maior reserva de urânio do mundo. Além disso, a aprovação da Frente Parlamentar Mista de Tecnologia e Atividades Nucleares deve ampliar o debate sobre o tema no Brasil”, afirmou.

Questionado sobre os principais desafios enfrentados pela ABDAN no período, Cunha acredita que o principal obstáculo continua sendo a associação do setor nuclear a questões relacionadas às bombas de Hiroshima e Nagasaki, que ainda refletem negativamente sobre o segmento. 

No entanto, a entidade vem trabalhando para desmistificar o setor e conscientizar a sociedade sobre a importância da tecnologia nuclear.

“Nós não temos somente a sétima maior reserva de urânio no mundo, como o Brasil domina o ciclo do combustível. A gente tem que mostrar o quanto caminhamos. Se juntarmos quem produz minério com quem tem capacidade de gerar combustível, teremos apenas três países. Nós temos conhecimento para construir, e não somente gerar commodities; mas também combustível, temos usinas”, elucidou. 

Sobre a conquista do prêmio Líderes da Energia, Cunha ressaltou que a o troféu é recompensador e um reconhecimento ao trabalho de toda a equipe e das empresas associadas. Ele afirmou que a liderança no mercado de energia busca um reconhecimento pela realização de um bom trabalho e não apenas influência política.

Cunha comentou ainda que uma pesquisa realizada em cidades próximas às usinas Angra 1, 2 e 3, sendo que a última ainda está em construção, apontou que 73% da população defende o uso da tecnologia nuclear, enquanto, no resto do país, esse número está em torno de 40%. 

Para ele, a diferença está na educação e no conhecimento e é necessário avançar nesses aspectos para impulsionar o setor nuclear no Brasil.

Setor médico

Sobre as perspectivas da Associação para os próximos anos, Cunha afirmou que a ABDAN tem um plano para alcançar 70 bilhões de negócios no país até 2050, incluindo geração nuclear, medicina e irradiação de alimentos. A entidade busca chegar a uma capacidade de 8 a 10 gigawatts, atendendo à população com os recursos disponíveis. 

“A Associação tem uma forma de trabalhar para evoluir o setor. Nós estamos investindo muito tempo e muito esforço em um mantra de cooperação e comunicação. É dessa forma que acreditamos que vamos avançar”, afirmou. 

O presidente da ABDAN ressaltou ainda que, embora a tecnologia nuclear já desempenhe um papel significativo no setor médico, a entidade trabalha em um plano chamado “Tempo é Saúde”. 

Ele visa a redução do tempo para o diagnóstico de doenças, assim como para diminuir o desperdício de alimentos  hoje em torno de 30% – em até 20%.

Isso será feito por meio de técnica de conservação por exposição à radiação ionizante, que, além de prolongar a vida útil, traz outros benefícios, como a redução de patógenos e o retardo de processos naturais fisiológicos. 

“Caminhamos em prol do bem-estar da população. Indo sempre em frente em busca da evolução, continuamos com foco em melhorar continuamente”, concluiu. 

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