Investimentos em hidrogênio verde devem movimentar US$ 12 trilhões em 25 anos, aponta BCG

Em nova pesquisa, consultoria revela que demanda por combustível de baixo carbono em 2050 deve ser até cinco vezes maior do que a produção atual

O novo estudo do Boston Consulting Group (BCG), intitulado “Building the Green Hydrogen Economy”, aponta que o hidrogênio verde está se transformando em uma oportunidade de alta lucratividade para investimentos focados no desenvolvimento sustentável.

Diante de um cenário em que governos renovam a sua infraestrutura para garantir a neutralidade de carbono, os investimentos em produção e transporte de H2 verde devem chegar até US$ 12 trilhões entre 2025 e 2050, indica a consultoria.

“O hidrogênio verde sempre foi uma alternativa considerada essencial para atacar segmentos de difícil abatimento da pegada de carbono, como transportes e uso industrial. Agora, diante das metas mundiais de descarbonização, vemos um novo impulso à essa indústria, com países estabelecendo estratégias nacionais para investimento nesse segmento. Entendemos que estes incentivos acelerarão a curva de experiência e ganhos de escala, viabilizando oferta em uma área de altas expectativas para a redução de emissões futuras”, aponta Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG.

A pesquisa do BCG mostra que, em 2021, a demanda global por hidrogênio foi de cerca de 94 milhões de toneladas – sendo que a maior parte foi produzida a partir de fontes fósseis, geralmente gás natural. Porém, no cenário de 2050, a demanda pelo combustível de baixo carbono chegará entre 350 e 530 milhões de toneladas por ano.

“A partir dessa perspectiva, entendemos que os principais investimentos, em adição ao suprimento de energia renovável, devem ser voltados à produção e transporte do hidrogênio verde. Há senso de urgência. Se quisermos atingir as metas do Acordo de Paris, teremos de investir até 2030 algo em torno de US$ 300 a US$ 700 bilhões em infraestrutura”, afirma Arthur.

Brasil no centro das discussões globais

O Brasil é um dos países no mundo que está mais bem preparado para liderar o mercado de hidrogênio verde. Isso porque 85% da matriz energética no país é de fonte renovável, item essencial na produção desse combustível com baixo impacto ambiental, além de contar com fatores de elevada competitividade para a produção de energia solar e eólica.

Além disso, o Brasil tem um custo competitivo de produção, transporte atrativo para mercado de exportação e potencial para operar em larga escala. Projetos em diversos estados já têm recebido investimentos internacionais para iniciativas de H2 verde, com foco no atendimento ao mercado externo e interno.

“O Brasil pode se destacar no mercado de hidrogênio verde e almejar um protagonismo em mercados externos, produzindo cerca de 15 milhões de toneladas de H2v e suprindo as necessidades da Europa e Ásia. Mas, para isso, governos e empresas precisam se mover rapidamente”, completa Ricardo Pierozzi, sócio do BCG dedicado a novas fronteiras em energia renovável.

Setor de infraestrutura é o maior beneficiário

O BCG aponta, na pesquisa, que os investimentos em infraestrutura chegaram a gerar um retorno de 7,36% durante o período de 2022, mesmo em um momento desafiador para a economia global, com aumento da inflação e implicações geopolíticas relacionadas à invasão da Ucrânia.

Atualmente, investidores têm ativos de US$ 1,1 trilhão nas áreas de energia, meio ambiente, transporte e logística, infraestrutura digital e social.

“Novas tecnologias e desafios sociais estimulam a busca pela infraestrutura do futuro, o que incentiva a indústria a se renovar desde já. Estudamos os riscos e retornos de investimentos no setor pelo segundo ano seguido, e é evidente que este é um ambiente dinâmico e exige abordagens inovadoras para o sucesso”, diz o executivo do BCG.

Para investidores da indústria que buscam o sucesso com o hidrogênio verde, o BCG aponta quatro estratégias importantes:

  • Buscar oportunidades em países com políticas de incentivo e mitigação de riscos do investimento, ou que planejem criar uma regulamentação robusta para o mercado de hidrogênio verde;
  • Obter parceiros experientes que contribuam para a gestão dos riscos associados ao investimento em projetos de baixo carbono;
  • Criar um portfólio de investimentos relacionados a hidrogênio verde que trabalhem em sinergia para gerar um melhor rendimento;
  • Avaliar criteriosamente os riscos adicionais nos projetos pioneiros, de forma a garantir impulso inicial para um posicionamento futuro.

“Empresas que investiram em energia eólica e solar no início de 2010 relatam taxas de retorno mais altas do que aquelas que fizeram o mesmo na década seguinte. Historicamente, os primeiros investidores têm melhores resultados – este é o momento para o hidrogênio de baixo carbono”, finaliza Arthur.

O estudo completo está disponível, em inglês, no site do BCG.

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