Expandir o uso da energia renovável é uma tendência mundial e também um desafio devido à necessidade de grandes investimentos iniciais.
Em 2022, a energia solar fotovoltaica representa 9,1% da matriz energética brasileira, ficando atrás da hídrica (53,2%) e da eólica (10,8%), segundo a ANEEL/ABSOLAR.
Iniciativas privadas vêm contribuindo para o crescimento do setor no país, como é o caso de uma usina de energia solar fotovoltaica que está sendo construída em Sorocaba (SP) e já é considerada a maior do Brasil em formato carport.
Com previsão de finalização das obras neste semestre e investimento de R$ 21 milhões, a usina fica no bairro Alto da Boa Vista e terá capacidade de gerar energia suficiente para suprir o consumo médio de 2 mil residências populares.
Segundo Paulo Cesar Costa, engenheiro responsável da Viridian Ecoenergia, empresa que realiza a obra, a produção é estimada em 4.500 MWh/ano, o que significa que 7160 toneladas de dióxido de carbono (CO2) deixarão de ser emitidas na atmosfera.
O CO2, em alta concentração, causa a poluição do ar e tem efeitos prejudiciais, como a formação de chuva ácida e desequilíbrio do efeito estufa, apontado por especialistas como fator principal para a elevação de temperatura da Terra e das mudanças climáticas.
Ao produzir energia limpa, a usina de Sorocaba contribui para reduzir a emissão de dióxido de carbono de forma equivalente à ação de 45.250 árvores.
“É um grande projeto que foi concebido com o que há de mais moderno no setor. Temos, pelo menos, 50 profissionais envolvidos, desde engenheiros até a equipe de obras. A estrutura metálica utilizada é leve e, ao mesmo tempo, resistente, o que reduz os custos com materiais e garante a segurança. Já os módulos fotovoltaicos seguem padrões internacionais de qualidade”, explica Luiz Cláudio Rosa, diretor da Viridian Ecoenergia.
Mega estrutura
Para atingir tal eficiência, a usina contará com 4.590 módulos fotovoltaicos de 655 watts, que foram importados da China.
Eles serão distribuídos em uma área de 30 mil metros quadrados, sendo 14 mil metros quadrados cobertos por painéis solares, e formarão um estacionamento solar (ou carport solar) com 789 vagas cobertas, das quais, inicialmente, 37 vagas estarão preparadas para veículos elétricos.
As placas serão colocadas sob uma estrutura metálica em forma de colmeia, totalizando 56 toneladas de aço utilizadas no projeto.
As vagas têm um diferencial: são dispostas em vãos de 12,5 metros entre os pilares de concreto, o que traz muito mais conforto para os motoristas estacionarem.
Além disso, a cobertura fotovoltaica abrange parte da faixa de circulação de veículos, ampliando a área produtiva.
Com isso, a usina tem um ganho significativo de 30% a mais do uso do terreno, revertendo em produção de energia e mais economia.
“Pensar em sustentabilidade é uma necessidade e temos orgulho em executar esse projeto em Sorocaba que traduz os valores e a missão da Viridian, que é oferecer soluções inteligentes que gerem economia e tragam benefícios ao meio ambiente. Em poucos meses, a usina estará pronta para funcionar em Sorocaba, com potencial de economia que ultrapassa R$ 300 mil por mês. Considerando que os módulos fotovoltaicos têm durabilidade de até 30 anos, o investimento é muito vantajoso e pode gerar um retorno em economia superior a R$ 100 milhões ao longo do tempo”, diz Luiz.
O projeto ainda prevê uma central de inteligência com dois andares e ampla visão do perímetro do estacionamento.
A estrutura abriga toda a parte eletrônica da usina, com ambiente climatizado para garantir a eficiência máxima dos inversores, equipamentos que têm a função de converter a energia produzida pelos módulos solares para o uso em aparelhos elétricos.
Segundo os especialistas da Viridian, esse é um diferencial da usina em Sorocaba, pois, em geral, os inversores são instalados no campo, próximo das placas e expostos às variações climáticas.
“No nosso projeto, as placas solares são conectadas aos inversores por cabos que chegam a essa central de inteligência por meio subterrâneo. Os inversores são mantidos a 25° C, garantindo o máximo desempenho mesmo nos momentos de altíssima temperatura na área externa, onde teriam uma queda de até 20% na produção de energia. Com essa estrutura que criamos, esse impacto negativo é eliminado”, afirma Luiz.
Outro diferencial da central de inteligência é que ela foi projetada para permitir que a usina seja expandida em área e em capacidade de geração de energia. O projeto nasce moderno e já com foco no futuro.
“É uma usina na qual criamos o conceito de estacionamento para veículos com rodas, mas há a previsão de receber e guardar veículos autônomos de voo, além de abastecê-los no local, como se fosse uma ‘marina’ para os veículos do futuro.”
Como funciona uma usina solar
A usina fotovoltaica é uma estrutura de grande porte com o objetivo de gerar energia a partir da captação dos raios solares.
A geração ocorre por meio de painéis fotovoltaicos que produzem eletricidade em corrente contínua.
Além das placas, o sistema conta com inversores que realizam a conversão da energia em corrente alternada, ou seja, permitem que a energia esteja de acordo com o padrão de consumo de residências, estabelecimentos e indústrias.
Por lei, é permitido que grupos de consumidores se beneficiem a partir da geração de energia de um único empreendimento, como uma usina fotovoltaica.
“O consumidor que não tem espaço para ter um sistema fotovoltaico, mas quer se beneficiar e reduzir o gasto de energia pode locar parte da capacidade produtiva da usina mediante um contrato. Isso é registrado na concessionária e ele obtém a economia. É o que chamamos de geração compartilhada”, esclarece Luiz.
Em Sorocaba, a usina do Alto da Boa Vista será pioneira em oferecer esse modelo de “aluguel” de energia limpa para terceiros.