Welcome Energia reúne lideranças do setor e autoridades públicas para debates em Brasília

Entre as discussões, estava o melhor controle das transações internas do país; o ex-ministro de Minas e Energia ressaltou o surgimento de novas fontes na matriz energética brasileira

Na última terça-feira (07) o Welcome Energia reuniu grandes líderes e autoridades públicas para debates, apresentações e networking qualificado. O evento foi promovido pela Full Energy, plataforma B2B de conteúdo e eventos para a Energia do Grupo Mídia.

Com o tema central “Perspectivas políticas e econômicas para os próximos quatro anos”, o evento abordou questões como o monitoramento brasileiro do setor de combustíveis e a regulação de novas fontes de energia.

Tendências

No primeiro debate discutiu “As tendências políticas e econômicas da matriz energética até 2026” e teve moderação de José Mauro Coelho, Ex-Presidente da Petrobras e Ex-Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia.

Na discussão, o deputado federal (Progressistas – RJ) e presidente da Frente Parlamentar do Congresso Nacional em Defesa da Energia Nuclear do Brasil, Julio Lopes, alertou sobre a importância do monitoramento brasileiro do setor de combustíveis, não só para uma melhor precificação destes produtos no país, mas para a segurança estratégica nacional.

“Sem o devido monitoramento, a cartelização, que ocorre com frequência em nosso país, se repete sem que haja qualquer ação do ente regulador. Somente um perfeito acompanhamento da cadeia de combustíveis, desde o momento que saem das grandes distribuidoras até o distribuidor final, pode permitir o controle da quantidade real comercializada, despachada e armazenada no país”, disse Lopes.

Esq. à dir.: Julio Lopes, deputado federal (Progressistas – RJ); André Pepitone, diretor financeiro da Itaipu Binacional; José Mauro Coelho, ex-presidente da Petrobrás e ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas de Energia; Bernardo Marangon, sócio administrador da Exata Energia; e Talita Porto, vice-presidente do Conselho de Administração da CCEE / Créditos: Rafael Carvalho e Jhonatan Cantarelle

Para José Mauro Coelho, ex-presidente da Petrobrás e ex-secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas de Energia, o novo cenário demanda esforços como esses.

“A Petrobras tinha o monopólio de combustíveis no Brasil, então nós tínhamos o controle e a visão do todo. Nos últimos anos surgiram novos atores no mercado de combustíveis e a Petrobras não é mais a garantidora legal do abastecimento de derivados do país, portanto o monitoramento se torna extremamente necessário.”

A vice-presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Talita Porto, ressaltou que o trabalho de monitoramento e regulação tem sido realizado com afinco em todos os setores da matriz brasileira.

“Lançamos a primeira certificação do hidrogênio no dia sete de dezembro de 2022 e, este ano, vamos trabalhar para a certificação da molécula, para que a gente possa, à medida que a demanda mundial for aumentando, tornar o Brasil protagonista no processo de exportação de hidrogênio.”

André Pepitone, diretor financeiro da Itaipu Binacional, defendeu as energias de base, como nuclear, gás natural e hidrelétricas por promoverem a sustentabilidade para o avanço de fontes renováveis. Pepitone aproveitou a oportunidade para anunciar o pagamento da última parcela do financiamento pela construção da usina.

O sócio administrador da Exata Energia, Bernardo Marangon, pontuou que a evolução de novas tecnologias está cada vez mais rápida e isso deve seguir para os próximos anos.

“A energia eólica demorou cerca de 15 anos para se tornar viável e a solar nos deixou atônitos com a velocidade com que se tornou importante para o setor. Essas novidades vão continuar chegando e temos que ter uma visão a longo prazo de como a realidade será.”

Transição energética

A segunda mesa de debate teve o tema “Como a transição energética afeta a economia brasileira” e contou a moderação de José Guilherme Antloga do Nascimento, vice-presidente do Conselho de Administração da Abragel.

Quem participou do momento foi Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia, que ressaltou o surgimento de novas fontes na matriz energética brasileira e detalhou a importância da regulação e da eficiência energética neste processo.

“Se nós não considerarmos a eficiência energética, a mudança de cultura que está aqui se comentando e o empoderamento do consumidor, nós não vamos alcançar nossas metas. Essa transformação passa também por um processo de educação e a evolução da própria cultura do consumidor para que ele possa sim fazer suas escolhas dentro de um ordenamento regulatório, jurídico e de um planejamento.”

O Vice-Secretário para Hidrogênio Verde do Instituto Nacional de Energia Limpa (INEL), Frederico Freitas, ressaltou a atuação do hidrogênio verde como um vetor da transição energética nacional.

“O Brasil precisa ordenar de forma estratégica esta abundância de sol, água, vento, biomassa, biogás e traçar um plano estratégico, posicionando a produção de hidrogênio em pontos táticos e isso promove a produção de hidrogênio a baixo custo, tornando-a competitiva.”

 

Esq. à dir.: Frederico Freitas, Vice-Secretário para Hidrogênio Verde do INEL; Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia; José Guilherme Antloga do Nascimento, vice-presidente do Conselho de Administração da Abragel; Rodrigo Limp, diretor de Regulação e Relações Institucionais na Eletrobras; e Franceli Jodas, líder global de segmento de Power & Utilities da KPMG / Créditos: Rafael Carvalho e Jhonatan Cantarelle

O vice-secretário ainda explicou que, neste cenário, a rota da eletrólise tem um bom grau de maturidade e já é uma rota de mercado. A rota do etanol e outras também estão em desenvolvimento acelerado para produzir hidrogênio, mas a preocupação seria, portanto, no âmbito político.

“Do ponto de vista político nós precisamos avançar com a agenda regulatória, nós temos aí dois Projetos de Lei: o nº 1725, proposto em 2022 pelo senador Jean Paul Prates e o nº 1878, com o senador Jaques Wagner, estamos na expectativa.”

Rodrigo Limp, diretor de Regulação e Relações Institucionais na Eletrobras, comentou sobre a importância do desenvolvimento tecnológico e de que formas isso deve ser trabalhado.

“Precisamos de um planejamento que se adapte ao longo do desenvolvimento de novas tecnologias, assim como novas regulações e políticas públicas. Precisamos criar condições para que essas tecnologias e tendências venham e gerem benefício para o consumidor. “

A líder global de segmento de Power & Utilities da KPMG, Franceli Jodas, apontou que o momento de transição energética é ideal para uma transição justa.

“O Brasil tem uma grande oportunidade de atrair investimentos nesse momento, mas o grande desafio dos próximos quatro anos é a organização desses segmentos para não fazermos o desenvolvimento por si só. Não adianta termos uma riqueza de fontes de energia, mas uma economia centralizada.”

Carlos Henrique Silva Seixas, presidente da Nuclep, e Claudio Alves, diretor presidente do Grupo Electra / Créditos: Rafael Carvalho e Jhonatan Cantarelle

No evento, o presidente da Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep), Carlos Henrique Silva Seixas, apresentou a atuação da maior caldeiraria do Brasil, reconhecida por sua expertise tecnológica e capacidade fabril.

Representando o Grupo Electra, Claudio Alves também expôs suas contribuições sobre a matriz energética no Brasil e a atuação da empresa.

Para o presidente do Grupo Mídia, Edmilson Jr. Caparelli, o objetivo do Welcome Energia é oferecer uma análise destes cenários e promover o desenvolvimento do país a partir das soluções propostas.

“Sabemos que a Energia é um setor extremamente estratégico para o Brasil, portanto visamos pautar o assunto e promover conhecimento, relacionamento e negócios para os participantes, por meio de um público qualificado e debates de valor.”

O Welcome Energia contou com a presença de representantes das embaixadas da Índia, Jordânia, Bolívia, Espanha, Rússia, Costa do Marfim e a Delegação da União Europeia.

Suresh Reddy, embaixador da Índia no Brasil, e Edmilson Jr. Caparelli, presidente e publisher do Grupo Mídia / Créditos: Rafael Carvalho e Jhonatan Cantarelle

Em entrevista exclusiva, Suresh Reddy, embaixador da Índia no Brasil, ressaltou a importância de discutir a matriz energética do país, uma vez que temos um dos maiores mixes de energias renováveis.

“A Índia vem promovendo agressivamente a energia renovável e já ocupamos somos o 3º maior retentor de energia renovável do mundo, então é importante que possamos acompanhar as discussões de outras potências nesse segmento.

A edição 2024 do Welcome Energia está prevista para o dia 28 de fevereiro. O evento será estendido para um dia inteiro de debates também em Brasília (DF).

Confira as fotos oficiais do evento!

Créditos das fotos: Rafael Carvalho e Jhonatan Cantarelle

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