A cada R$ 1bi investidos no nuclear, o Brasil ganha R$ 3,1bi

Estudo da FGV apresenta os impactos socioeconômicos do Nuclear

A Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentou na tarde desta quinta-feira, 29 de fevereiro, um novo estudo que destaca os impactos socioeconômicos das atividades nucleares no país.

A pesquisa, em parceria com a Eletronuclear e Associação Brasileira para o Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN), revela que essa tecnologia desempenha um papel crucial na economia brasileira.

O encontro onde o estudo foi discutido teve a presença do diretor-executivo da Fundação, Carlos Quintella, o presidente da ABDAN, Celso Cunha, o superintendente da FGV e responsável pela pesquisa, Márcio Couto, o presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, e o Felipe Peixoto, Secretário Interino da SEENEMAR, representando o Hugo Leal.

Geração de energia

A geração de energia elétrica é a aplicação mais conhecida da energia nuclear, contribuindo significativamente para o suprimento de eletricidade em várias partes do mundo. No Brasil, a energia nuclear representa 2,1% da Matriz Energética Nacional, com usinas de Angra I e II.

Estas geram um faturamento anual de R$ 4,6 bilhões e investimentos de R$ 350 milhões, sustentando diretamente 1.750 empregos. Angra III teve suas obras iniciadas em 2010 e paralisadas desde 2015, com 70% da usina concluída. Quando concluída terá 1.405 MW de potência.

Geração de empregos

O estudo da FGV destaca que os benefícios socioeconômicos diretos dessas atividades nucleares são apenas uma parte da história.

Os impactos indiretos e induzidos desempenham um papel fundamental no fortalecimento da economia. Os indiretos envolvem toda a cadeia de fornecedores, enquanto os induzidos se referem ao efeito-renda dos salários pagos pela atividade nuclear e seus fornecedores.

Cada R$ 1 bilhão em investimentos na energia nuclear no Brasil contribui para um aumento de R$ 3,1 bilhões na produção no país, com 68% desse valor concentrado no estado do Rio de Janeiro.

Além disso, o PIB nacional se beneficia com um acréscimo de R$ 2,0 bilhões, sendo 80% desse impacto gerado no RJ. Adicionalmente, a geração de empregos no Brasil é ampliada em 22,5 mil postos de trabalho, dos quais 75% são registrados no estado fluminense.

Medicina nuclear

Outra contribuição importante das atividades nucleares é a medicina nuclear, que em 2036 representará um faturamento de R$ 535 milhões, com 3,8 milhões de procedimentos e 8,3 mil pessoas empregadas diretamente.

O potencial de crescimento desse setor é notável, o que impulsiona ainda mais os impactos socioeconômicos positivos.

Reservas de minérios

Além disso, o Brasil possui vastas reservas de urânio, estimadas em 277 mil toneladas, o que equivale a aproximadamente 5% das reservas mundiais. Com apenas 30% do território prospectado, o país é o 7º maior detentor global desse minério estratégico.

Essas reservas representam uma oportunidade para o Brasil expandir suas atividades nucleares e capitalizar a crescente demanda por energia nuclear no cenário internacional. Há expectativa é que o mundo demande cerca de 109 mil toneladas de urânio para 2035.

Segundo a FGV Energia, a exportação de energia é uma possibilidade que se destaca, uma vez que a energia nuclear possui baixa emissão de gases de efeito estufa em comparação com outras fontes.

“Por isso também ganhou papel de destaque para o atingimento das metas mundiais de descarbonização. Além da geração de eletricidade, a tecnologia nuclear encontra aplicações em diversos setores, como agricultura, bens de consumo, indústria, recursos hídricos, transporte e até mesmo em pequenos reatores modulares, demonstrando seu potencial multifacetado para impulsionar o desenvolvimento econômico e tecnológico do Brasil”, revela o superintendente da FGV e responsável pela pesquisa, Márcio Couto.

Pequenos reatores modulares

Os reatores modulares (SMR) de pequena escala tem como principal característica ter menor capacidade de geração de energia (até 300 MWe), enquanto as usinas convencionais produzem pelo menos 700 MWe.

Carregam vantagens como ter um menor tempo de fabricação; ser fabricado em módulos; se ajustar a diversas situações.

Sendo assim podem ser aplicados em áreas rurais com pouca infraestrutura elétrica; fonte de energia reserva em situações de emergência; substituto de geradores à diesel de comunidades e empresas; locais afetados por desastres naturais.

O cenário projetado para 2035 é de que os SMRs estejam respondendo por 20.000 MWe de energia no mundo.

Para o presidente da ABDAN, Celso Cunha, o estudo da FGV se faz mais do que necessário no atual momento.

“Que o nuclear é importante, todo mundo já sabe. E não somos nós que estamos falando. O mundo falou isso através da COP. E essa última, reafirmou uma frase: “sem nuclear não tem transição”. O que esse trabalho, feito por uma renomada academia, demonstra é muito interessante: o impacto socioeconômico do setor nuclear. A cada 1 bilhão, retorna 3.1 bilhões. Sempre ressaltamos isso. E agora nós temos um fato assinado por um grupo de doutores da FGV. A pesquisa demonstra ainda a possibilidade de proceder da medicina nuclear. Hoje nós temos cerca de 16 a 18 mil casos de câncer de tireoide, e falta capacidade de produção para tratamento no Brasil. As pessoas estão morrendo, porque saúde não espera”.

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