“O ano das boas energias”, por Silla Motta, CEO da Donna Lamparina

Iniciar o ano com uma coluna na Full Energy é mais do que um presságio daquilo que estar por vir.

Começamos com muitas novidades, uma delas é o novo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciando a criação da Secretaria Nacional de Transição Energética, dedicada exclusivamente a estruturar as políticas públicas necessárias para colocar o Brasil como líder mundial em energia limpa, destacado por ele como uma das principais metas de sua gestão.

Diante do desafio de alavancar o desenvolvimento e a reindustrialização do país, sem perder de vista o planejamento da expansão e da segurança energética, Silveira pretende concentrar esforços na modernização do parque gerador, investimento em tecnologia, otimização da gestão, busca entre a modicidade tarifária e confiabilidade do suprimento.

Mais uma boa notícia é a presença da Agnes Costa na Diretoria da ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Ela assume o mandato no coincidente momento de celebração dos 25 anos da instituição, que “chega com resiliência, maturidade e o desafio de continuar contribuindo para implementação e a regulamentação da modernização do setor elétrico e da transição energética”, afirma Agnes no vídeo de celebração deste marco.

A onda da transição energética brasileira destaca a geração fotovoltaica como a queridinha das renováveis. Com os seus 23,9 GW (gigawatts) de potência instalada operacional, a solar ultrapassa a eólica que conta com 23,8 GW de potência instalada, assume o segundo lugar na matriz energética, ficando atrás apenas da hidráulica, com os atuais 109,7 GW.

A classe residencial lidera em potência instalada, com 7,7 GW e mais de 1,4 milhão de unidades consumidoras. Em seguida vem a comercial (4,6 GW), rural (2,3 GW) e industrial (1,1 GW). O restante fica com serviços e iluminação públicos, de acordo com o levantamento feito pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).

Visando oferecer cada vez mais soluções energéticas para a população, a General Motors (GM)criou uma unidade de negócios voltada para veículos elétricos. A GM Energy, localizada em Detroit, nos Estados Unidos, vem com a proposta de ser um ecossistema de produtos e serviços de gerenciamento de energia.

Além disso, a empresa oferece diversas alternativas de gestão inteligente para clientes residenciais energia solar, aplicações de software, ferramentas de gerenciamento de nuvem, soluções de micro rede, células combustível de hidrogênio, dentre outros. Confirmando uma tendência do setor.

Várias empresas também estão criando as suas unidades de negócios voltadas para soluções em energia. Haja vista a recente aquisição da startup Stella pelo Grupo Ultra. A Stella Energia conecta os geradores de energia solar a residências e pequenos negócios. É um serviço de assinatura de energia que pode reduzir a conta de energia em cerca de 15%, em média.

Essa tendência de aproveitar a base de consumidores existentes e agregar produtos e serviços de energia, tem sido avaliada por empresas e indústrias que atuam no varejo, de olho na perspectiva de abertura total do mercado livre de energia. Elas enxergam a possibilidade de agregar valor ao seu negócio e aumentar o seu ticket médio de venda.

As startups exercem um papel fundamental no crescimento das corporações, por serem mais ágeis, terem custos reduzidos e resiliência no processo de desenvolvimento. Elas costumam ser muito mais aderentes às estratégias de inserção num novo segmento.

Para grandes companhias, costuma ser bem mais fácil adquirir uma startup que já desbravou um determinado mercado e construiu uma curva de aprendizado, do que se aventurar sozinha em algo desconhecido.

Outro fator que contribui para essa mudança de mentalidade e do comportamento das pessoas físicas e jurídicas, é a necessidade de cumprir as metas de redução em 30%, da emissão dos gases de efeito estufa, até 2030, estabelecidas pelo Acordo de Paris.

Além disso, desde que Larry Fink, CEO da BlackRock, que também é “dona” de boa parte das maiores empresas do mundo, divulgou sua carta anual aos investidores em 2020 colocando a sustentabilidade como centro do investimento, bancos, gestoras e fundos começaram a olhar o risco climático e suas consequências como critério de decisão para conceder crédito.

A resposta das empresas na direção da implementação quase que imediata de ações de ESG – Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança). Ampliou ainda mais a corrida pelo uso de energias renováveis, selo verde e crédito de carbono.

Diante das inúmeras possibilidades de descarbonização, o hidrogênio verde tem sido considerado o vetor tecnológico desta década e atraído investimentos em toda parte do mundo. A pandemia e a guerra na Ucrânia definitivamente aceleraram a corrida pelas fontes renováveis.

Denominado de “combustível do futuro”, o elemento pode proporcionar métodos industriais menos poluentes e solucionar gargalos na geração de energia limpa. Dificuldades logísticas até agora complicam a produção em larga escala.

A Unigel, uma das principais indústrias químicas da América Latina e líder em segmentos como fertilizantes e amônia, investirá US$ 120 milhões (cerca de R$ 650 milhões) na construção da primeira fábrica brasileira de hidrogênio verde, produto que substitui combustíveis fósseis. O intuito é que a unidade seja, a princípio, a maior do mundo.

Os investimentos em hidrogênio verde são anunciados diariamente em vários países distintos. Com a intenção de tornar o país um centro global para essa indústria nascente, o governo da Índia aprovou US$ 2,3 bilhões (cerca de R$ 12,4 bilhões) para apoiar a produção, o uso e a exportação do hidrogênio verde.

O financiamento, anunciado é um primeiro passo para estabelecer a capacidade de produzir pelo menos cinco milhões de toneladas métricas de hidrogênio verde até o final desta década.

Todas essas mudanças aumentam a necessidade por profissionais que conheçam essas novas tecnologias e que estejam aptos a exercer novas funções num mercado em plena evolução.

Mais do que as habilidades técnicas, as empresas buscam pessoas com espírito de dono, foco no cliente e em resultados, empatia, flexibilidade, facilidade para trabalhar em time e acima de tudo capacidade de lidar com frustrações e encarar os erros como parte do crescimento.

Daí vem a importância em investir no autoconhecimento, no desenvolvimento intelectual e emocional, na ampliação da rede de relacionamentos, a participação em eventos e a utilização das redes sociais como ferramentas de negócios. Ser parte das comunidades existentes no mercado, ir aos happy hours e procurar construir relações comerciais sinceras e duradouras.

Com tanta energia boa assim, a minha expectativa é que este seja um ano tão gratificante quanto o que passou e que a gente possa continuar celebrando as boas energias da vida.

** Artigo escrito por Silla Motta, CEO da Donna Lamparina

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