Opção para reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e aumentar a participação das fontes renováveis de energia nas matrizes energéticas mundiais, a transição energética propõe uma transformação na maneira de produzir e consumir energia para um novo sistema.
Essa mudança vem sendo amplamente discutida no País e deve avançar com o anúncio, no próximo mês, de uma política nacional para transição energética.
Para além da geração e consumo de energia de baixo carbono, o conceito de transição energética engloba a otimização do uso de bens e serviços com vistas à sustentabilidade.
A ideia converge com a proposta da eficiência energética, que pressupõe gerar a mesma quantidade de energia, consumindo menos recursos naturais, e obter o mesmo desempenho de um aparelho (seja residencial ou industrial) a um gasto menor.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO), o consumo racional de energia gera benefícios ambientais, ao evitar a emissão desnecessária de CO2 (fruto da queima de combustíveis fósseis); econômicos, com a redução de custos operacionais e aumento da competitividade para instituições; e sociais, permitindo a redução de despesas com energia nas residências e a geração de empregos.
“Muito se fala em transição energética. A maior e mais presente transição é reduzir o consumo de energia de forma eficiente. O verdadeiro legado que deixamos para a humanidade é desenvolver soluções inteligentes para o consumo. As fontes de geração podem mudar, mas a eficiência energética representa o único conceito que segue inalterado e contribui para minimizar problemas no setor”, destaca o presidente da ABESCO, Bruno Herbert.
Para o especialista, as discussões em torno do assunto e a tendência mundial de descarbonização só evidenciam que a eficiência energética é peça fundamental à transição energética e às ações necessárias para o Brasil crescer com uma matriz elétrica cada vez mais limpa. Ele reforça a necessidade de uma agenda conjunta para que o País avance neste quesito de forma planejada e sustentável.
“Aliada à transição, o Brasil precisa de uma política nacional de eficiência energética para uma mudança cultural efetiva. A eficiência energética tem um grande potencial e pode ser desenvolvida independentemente da origem e do tipo da energia. É preciso acelerar sua implementação, criar políticas públicas, conscientizar o público e modernizar os equipamentos da indústria, comércio e residências”, conclui o presidente da ABESCO.
Eficiência na prática
Iniciativa que remete à capacidade de conseguir o melhor rendimento, com menor uso de recursos e sem abdicar da qualidade, a chamada eficiência energética (EE) é considerada por especialistas a fonte de energia mais limpa que existe, uma vez que o recurso energético não consumido evita o aumento da geração e os inúmeros impactos ambientais que ela acarreta.
A substituição de lâmpadas incandescentes compactas por LED é um exemplo básico de EE. O motor elétrico também ilustra o conceito.
Seu custo é distribuído da seguinte forma: aproximadamente 4% de aquisição, 2% de manutenção e os outros 94% no consumo da energia elétrica ao longo da sua vida útil.
Ou seja, um motor cuja eficiência seja 20% superior em relação a um motor ineficiente, geralmente recondicionado, deixa de consumir de energia elétrica o equivalente a 470% do valor de aquisição de um motor novo.